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Na última semana a 100fronteiras publicou uma matéria sobre o abaixo-assinado que moradores de Foz do Iguaçu criaram para alertar a comunidade sobre o projeto da construção do novo Porto Seco a ser instalado em área urbana do município.
Isso porque, segundo eles, a Receita Federal abriu para licitação três regiões da cidade localizadas em área urbana, o que poderá ter um grande impacto negativo para a região.
Dr. Isidoro Villamayor, arquiteta Patrícia Alves e o professor Ivo Valente, em visita a redação da 100fronteiras.
E para entender melhor todas as questões que giram em torno dessa polêmica, a 100fronteiras entrevistou a arquiteta urbanista, Patrícia Maria Costa Alves, que acompanha o caso desde 2015, o responsável pela petição (abaixo-assinado), professor Ivo Valente, e o médico e diretor do Hospital Unimed em Foz, Dr. Isidoro Villamayor, sobre o assunto.
“Com a referência ao Porto Seco, queremos tomar conhecimento da questão em função da repercussão que a implantação do mesmo pode causar à estrutura hospitalar da Unimed, que estará localizada na mesma região onde atualmente há a possibilidade de ser instalado o novo Porto Seco. Entendemos que o fluxo possa ser prejudicado e isso nos causa apreensão. Por isso estamos participando desses eventos, para entendermos melhor e logicamente agirmos de acordo com os interesses para que o Hospital Unimed seja preservado”, destaca o Dr. Isidoro.
As áreas que foram colocadas à disposição se encontram na região por onde passará a Perimetral Leste e a maior preocupação dos entrevistados é com o perímetro entre a Av. Felipe Wandscheer e Maria Bubiak.
A arquiteta Patrícia explica que desde 2015, quando se falava da construção da Perimetral Leste, ela e demais colegas arquitetos se reuniram, pois entendiam que a construção da via também não estaria no local ideal.
“A Perimetral é uma diagonal dentro da cidade, então na época nós levantamos a questão sobre a instalação do Porto Seco ali na região. Eu sou moradora do bairro Cognópolis, onde se encontra a Conscienciologia, e sabíamos que a Perimetral ao cortar a cidade poderia prejudicar a região, devido ao alto fluxo de caminhões. E hoje vemos que de fato ela está cortando o município e isso traz todos os problemas que estamos vendo agora, como a instalação de um porto seco. Então a ideia era que ela realmente fosse um rodoanel contornando a cidade, passando por fora do centro urbano e desembocando na BR 277, mas tanto a Perimetral quanto o possível Porto Seco irão estar localizados em perímetro urbano, o que ocasionará sérios problemas”.
patrícia alves, arquiteta
O que a instalação do Porto Seco pode ocasionar
Segundo eles, a instalação de um porto seco traz grandes mudanças para a região devido a sua complexidade. Por isso, em 2015 Patrícia e demais colegas redigiram um parecer, a pedido inclusive do delegado da Receita Federal, indicando qual seria a melhor área para instalação do Porto Seco na cidade, e o local indicado por eles foi a mesma área que consta no Plano Diretor do município, uma região próxima a entrada de Foz, que dá acesso a BR 277 e que de acordo com eles não prejudica a área urbana de Foz.
“Pensávamos que estava tudo certo até sermos surpreendidos com a notícia, no início de fevereiro, de que a Receita Federal havia aberto para licitação três outras regiões da cidade. Contatamos a RF para entender essa questão e foi nos repassado que fizeram uma audiência anterior e que os concorrentes pediram para ampliar a área e eles de certa forma, liberaram a área e alegaram que a Prefeitura é quem determina se autoriza ou não. Eles colocaram na mão da Prefeitura a liberação da área. Conversamos então com o prefeito que se mostrou muito solícito e que irá conversar com a RF para alinhar essa questão. Então agora estamos aguardando essa reunião”, explica Patrícia.
Mapa do município de Foz. A região para onde a cidade tende a crescer é a região onde atualmente está sendo construída a Perimetral Leste, assim como os novos bairros residenciais.
Ivo Valente, responsável pela petição e movimento nas redes sociais para alertar a população dos riscos da instalação do novo Porto Seco em área urbana do município, destaca que isso irá afetar diretamente os moradores da região, como também o turismo.
“Existem alguns projetos sendo desenvolvidos nessa região, um deles é o Hospital Unimed, e outro é do Mega Centro Cultural Holoteca. Ao instalar um porto seco nessa região, haverá desvalorização dos terrenos e um fluxo enorme de caminhões, sem contar que um porto seco envolve muitos outros serviços, como borracharias, depósitos de materiais perigosos e explosivos, afetando não só a região urbana, como o meio ambiente”, alerta.
Ivo também reforça que de maneira alguma são contra a instalação de um novo Porto Seco em Foz, porque entendem a importância dele para a região. “O nosso objetivo é trazer esse olhar para a comunidade também de que um porto seco em meio urbano não é viável. Queremos fazer uma pressão ética e justa em relação às autoridades responsáveis sobre essa situação, deixando claro o nosso posicionamento”.
Além do abaixo-assinado, que conta atualmente com mais de 1700 assinaturas, eles irão continuar movimentando as redes sociais, e esperam que a situação seja revertida a tempo.
Sobre o Novo Porto Seco
O edital lançado pela Receita Federal segue até o dia 13 de março e o valor do investimento é em torno de R$ 304 milhões, onde a empresa vencedora terá um prazo de 25 anos de administração.
Contatamos a assessoria da Receita Federal, que nos repassou a ata realizada no dia da audiência pública virtual. Em uma parte da reunião destaca-se a fala do Auditor-Fiscal Filipe Rezende Ruiz:
“Na explanação é destacada a ampliação das áreas da possível localização do novo Porto Seco, por decisão da Superintendência, a fim de que haja maior disponibilidade de áreas compatíveis com a estrutura prevista, menor tráfego de caminhões adentrando áreas de perímetro urbano do Município, e aproveitamento da Ponte da Integração e da nova Perimetral Leste”.
Em outro trecho, o Auditor-Fiscal Gustavo Luis Horn complementa que a intenção é que “a instalação seja em local permitido pelas autoridades locais, levando em consideração as questões ambientais, zoneamento e questões urbanísticas. Pede aos presentes que a organização está aberta para sugestões para uma melhor redação de localização. Menciona que o objetivo é o não direcionamento para nenhuma empresa, por isso foi aberto o leque em todo município de Foz de Iguaçu desde que permitido pelos órgãos locais”.
Também conversamos com a assessoria da Prefeitura Municipal para saber como estão as negociações e eles informaram que “o processo ainda está em tramitação e a Prefeitura está trabalhando em conjunto com a Receita Federal, Codefoz e outros interessados para buscar uma melhor solução para todos. Nesta sexta-feira (24), haverá uma reunião para alinhamento e definições dos próximos passos”.
Para saber mais detalhes da Audiência, clique aqui.
