Hoje, em cidades de variados tamanhos, o congestionamento de trânsito afeta diariamente motoristas. Porém, graças à tecnologia, surgiram soluções como o aplicativo de navegação Waze. Este aplicativo não apenas ameniza a questão, mas também oferece uma promissora abordagem à gestão da mobilidade urbana. Um esforço inovador liderado pelo grupo de pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da UNILA está direcionando seus esforços para capturar, extrair e aplicar esses preciosos dados.

Ao aproveitar as informações disponibilizadas pelo Waze for Cities – uma fonte rica de dados de trânsito voltada para a gestão eficaz do fluxo urbano – e aplicando a linguagem de programação Python, o estudante de Engenharia de Energia, João Gabriel de Souza Mesquita, membro ativo desse grupo, está realizando uma integração essencial. Ele está combinando os insights gerados pelos usuários do aplicativo com um mapa georreferenciado desenvolvido pelo docente de Geografia, Diego Flores, que também é uma peça fundamental desse projeto.

Esse esforço conjunto representa uma promissora tentativa de aliviar os problemas de congestionamento que enfrentamos cotidianamente. Além disso, destaca a importância dos aplicativos de navegação não apenas como ferramentas individuais, mas como recursos que podem contribuir significativamente para aprimorar a mobilidade urbana em larga escala.

Uma abordagem inovadora está iluminando a escuridão dos engarrafamentos urbanos, ao captar e analisar dados de tráfego de maneira minuciosa. Equipado com um computador de configuração avançada, um período de tempo determinado (geralmente de 24 a 72 horas) é examinado meticulosamente e os resultados são sincronizados com um mapa geográfico. A ideia é criar uma “fotografia” do tráfego durante esse período, mas representada em termos de dados. Esses dados revelam informações vitais, como localizações de congestionamentos, velocidades médias, extensão dos engarrafamentos e posições precisas. O diferencial crucial reside na capacidade de realizar análises estatísticas profundas e, a partir delas, oferecer orientações valiosas à administração municipal.

Projeto unila -gestão de trânsito
Mapa mostra a média de velocidade nas principais vias no dia 24 de julho, entre as 18h e 19h.

“É como otimizar e abrir caminho para a melhoria dos pontos problemáticos de congestionamento, formando uma cadeia de melhorias”, detalha João, estudante de Engenharia de Energia. Gabriel Soares, também aluno do mesmo curso e líder da empresa júnior Energética, que está envolvida no projeto, acrescenta que essa abordagem busca transformar-se em um produto comercializável no futuro.

A importância do projeto é acentuada pelo docente Ricardo Hartmann, coordenador da pesquisa, ao afirmar que esta não é uma ferramenta para o público em geral, mas sim um recurso dedicado à gestão do tráfego urbano. Nesse sentido, o projeto é uma colaboração com a Foztrans e a Guarda Municipal, que supervisiona o Programa Vida no Trânsito em Foz do Iguaçu. Hartmann também destaca que o trabalho de planejamento e mobilidade urbana é multidisciplinar por natureza, envolvendo engenheiros, geógrafos, arquitetos e outros especialistas. Portanto, a parceria entre instituições acadêmicas e as autoridades municipais emerge como uma estratégia eficaz para explorar soluções que aprimorem o tráfego urbano. Hartmann ressalta que o planejamento urbano é uma atividade que demanda uma equipe competente e que a parceria entre universidades e o governo local beneficia tanto a pesquisa quanto o ensino de alta qualidade.

Ferramenta da UNILA

Em uma fase inicial de desenvolvimento, um projeto inovador liderado pelo grupo de pesquisa da UNILA está focado na criação de uma ferramenta revolucionária. Essa ferramenta tem como principal objetivo a transposição precisa de dados de tráfego para o mapa da cidade. Nas próximas etapas, essa iniciativa será enriquecida com camadas adicionais que identificarão elementos como lombadas, pontos geradores de tráfego (como escolas e igrejas) e semáforos, entre outros.

O direcionamento é claro: fornecer à Foztrans e à Guarda Municipal informações ricas, organizadas em uma sala de controle que abrangerá todas essas camadas. Além disso, o projeto planeja incorporar algoritmos avançados para calcular o consumo de combustível, custos e emissões de CO2 resultantes dos engarrafamentos. Esses algoritmos estão sendo desenvolvidos no âmbito das pesquisas de Termodinâmica das Cidades, um dos pilares do projeto.

Os primeiros resultados desse mapeamento serão apresentados no Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, programado para os dias 13 e 14 de setembro, em Foz do Iguaçu. Segundo Fernando Maraninchi, diretor-presidente da Foztrans, esse trabalho de pesquisa complementará os dados já disponíveis para a gestão do trânsito no município. Maraninchi enfatiza a necessidade de investir cada vez mais em mobilidade urbana, não apenas focando no transporte público, mas também considerando a abertura de vias e um planejamento urbano sustentável. Ele observa a presença de “vazios urbanos” na cidade que impactam negativamente o desenvolvimento, indicando a importância de resolver questões de mobilidade.

O coordenador de Trânsito da Guarda Municipal e do Programa Vida no Trânsito em Foz, Gerson Rodrigues Vieira, expressa o potencial transformador da tecnologia que será fornecida pelo estudo. Ele vê oportunidades de redução de acidentes e melhoria da mobilidade por meio da aplicação dessa tecnologia, mencionando estudos para viabilizar construções de passarelas, ciclofaixas, aberturas de ruas e interconexões de bairros. Vieira enfatiza que essa abordagem tecnológica pode ser uma ferramenta valiosa para desafogar pontos críticos de congestionamento, como a área próxima à Ponte da Amizade, acessos turísticos e a BR-277. O uso inteligente de aplicativos e ferramentas, segundo ele, pode proporcionar uma transformação positiva no fluxo de tráfego e na segurança viária, beneficiando a população de forma significativa.