A família é o núcleo que molda nossos valores, nosso caráter, nossa perspectiva de vida, e é a peça-chave na configuração de quem somos e de quem nos tornaremos. É no aconchego familiar que temos nossas primeiras lições de amor, carinho, respeito e tolerância. Entretanto, isso não é privilégio de todos. Há crianças que, por circunstâncias além do seu controle, estão privadas deste direito humano básico. É por isso que a pauta sobre famílias acolhedoras é tão importante. 

No Brasil apenas 7% das crianças em situação de acolhimento estão em Famílias Acolhedoras, a meta nacional é chegar em 20% até 2025.

Segundo dados de uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), de 2020, aproximadamente 30 mil crianças estão em situação de acolhimento em abrigos ou famílias acolhedoras no país, sendo que mais de 30% delas têm idade entre 0 e 6 anos. O que gera a necessidade da atenção na primeira infância com cuidados direcionados a recém-nascidos, bebês, e crianças pequenas em formação e desenvolvimento.

O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016) para proteção aos direitos das crianças brasileiras de até seis anos de idade estabelece princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas voltadas a meninos e meninas nessa faixa etária. Essencial para o desenvolvimento neurológico, cognitivo, psicomotor e emocional das crianças. Entre eles, o apoio à implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas.

“O acolhimento em famílias acolhedoras é considerado pelas Diretrizes das Nações Unidas uma modalidade prioritária para o atendimento de crianças menores de três anos.” Informa o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. 

Famílias acolhedoras são aqueles heróis do dia a dia que abrem suas portas e seus corações para crianças que, por uma razão ou outra, não podem ficar com suas famílias biológicas. O acolhimento familiar não é adoção, é um ato de amor e cuidado que preenche um vazio na vida de uma criança até que ela possa retornar para sua família de origem ou, em casos específicos, ser encaminhada para adoção.

Mas, é claro, ser uma família acolhedora vai além do simples ato de abrir sua casa para uma criança. É abrir o coração para acolher a complexidade e, às vezes, a dor dessas pequenas vidas, enquanto se empenha para lhes oferecer o melhor ambiente possível para florescer. É um ato de coragem, um ato de amor, e acima de tudo, um ato que tem o potencial de mudar a trajetória da vida de uma criança para sempre.

O acolhimento em ambiente familiar visa propiciar um atendimento mais humanizado e prevenir os efeitos da institucionalização, aos quais as crianças na primeira infância são particularmente vulneráveis. A Unicef aponta que para cada ano institucionalizado, uma criança nos primeiros anos de vida perde quatro meses do seu desenvolvimento e enfatiza a importância do acolhimento familiar. 

Entretanto, conforme informações nacionais, no Brasil o acolhimento em família acolhedora representa apenas 7% do serviço de acolhimento, enquanto na Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo, representa 91%, 80% e 75% respectivamente. “A meta nacional é chegar em 2025 com 20% das crianças em acolhimento familiar”, aponta a Coalizão pelo Acolhimento em Família Acolhedora, formada em 2020, por especialistas de diversos setores do país, atores governamentais e não governamentais.

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Acolhimento Familiar em Foz do Iguaçu

Foz do Iguaçu já superou a meta de 20% estabelecida para 2025. Atualmente, de aproximadamente 90 crianças que estão em acolhimento no município, 30 estão em famílias acolhedoras, sendo 25 crianças de 0 a 6 anos. Entretanto a Psicóloga da instituição onde funciona a sede do Programa Família Acolhedora Foz, a Associação Fraternidade Aliança (AFA), Ana Clara Ferminio P. Noguera, alerta

Apesar de termos superado a meta nacional de 20% de acolhimento dois anos antes em Foz, ainda não estamos conseguindo garantir o acolhimento em família acolhedora para todas as crianças na primeira infância, porque hoje, do total de crianças e adolescentes afastados das famílias de origem e em situação de acolhimento, pelo menos 20 delas, de 0 a 6 anos estão institucionalizadas e não em acolhimento familiar porque não temos famílias para acolhê-las.

E complementa: “Por isso um novo chamamento às famílias interessadas em se tornarem famílias acolhedoras está sendo realizado. Principalmente famílias que possam acolher bebês e crianças na primeira infância.”

A campanha que está em andamento, busca sensibilizar a população de Foz do Iguaçu para esta realidade e necessidade urgente. Por isso, é importante lembrar: o acolhimento é uma medida de proteção, provisória e excepcional, aplicável a crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por decisão judicial.

Para aqueles que têm espaço em seu coração e em sua casa, e estão dispostos a fornecer um lar temporário para uma criança ou adolescente, esta é uma chamada para ação. A sua ajuda pode fazer uma diferença imensa na vida de uma criança que precisa de um lugar para chamar de lar, mesmo que temporário. Não se trata apenas de fornecer um teto sobre a cabeça da criança, mas de oferecer um ambiente amoroso, seguro e estruturado, que contribui para o desenvolvimento pleno do indivíduo.

Nós entendemos que a decisão de se tornar uma família acolhedora não é fácil. Exige comprometimento, paciência, amor e uma grande dose de coragem. Mas a recompensa é imensurável. O sorriso de uma criança, a risada contagiante, o progresso diário – tudo isso compõe a magia do acolhimento.

O Programa Família Acolhedora é realizado pela Associação Fraternidade Aliança em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social de Foz do Iguaçu. Os atendimentos tiveram início em 2013 e de lá pra cá já foram acolhidas mais de 180 crianças e adolescentes que precisaram ser afastadas de seus lares por medida de proteção, aplicada pelo Conselho Tutelar ou Poder Judiciário. 

A coordenadora, Euni Rodrigues, que está à frente do projeto desde 2016, explica que nos nove anos de existência do programa mais de 90% das crianças que passaram pelo acolhimento familiar e retornaram às famílias de origem não precisaram ser afastadas novamente.

Um dos maiores receios de quem se propõe a ser uma família acolhedora, é o medo do apego durante o acolhimento e do desapego quando chegar o momento de se despedir da criança e/ou adolescente, após estabelecer vínculos afetivos devido a convivência, mas o nosso serviço dispõe de todo apoio necessário em prol da família acolhedora sempre retomando que durante o  período em que a criança mais precisou de afeto e proteção  aquela família se dispôs a cuidá-la e que isso faz uma grande diferença na vida daquela criança e/ou adolescente e de sua família e que isso é muito mais grandioso

Como funciona o processo de ser uma família acolhedora?

O primeiro passo é entrar em contato com a organização ou agência local que coordena o serviço de acolhimento familiar. Eles fornecerão todas as informações necessárias e responderão a qualquer pergunta que você possa ter.

Se decidir prosseguir, você precisará preencher um formulário de inscrição. Este formulário normalmente solicita informações básicas sobre você e sua família, além de razões para o seu interesse em se tornar uma família acolhedora.

Após a apresentação do formulário, haverá um processo de avaliação que inclui a verificação de antecedentes, visitas domiciliares, e entrevistas com todos os membros da família. O objetivo é garantir que o lar seja seguro e adequado para acolher uma criança.

Se a avaliação for bem-sucedida, você será convidado a participar de um treinamento. Este treinamento é projetado para prepará-lo para os desafios do acolhimento, oferecendo ferramentas e estratégias para lidar com diferentes situações.

Depois de concluir o treinamento e atender a todos os requisitos, você será aprovado e certificado como uma família acolhedora.

Finalmente, você estará pronto para acolher uma criança. A organização irá considerar cuidadosamente suas capacidades, preferências e a situação específica da criança ao fazer uma colocação.

Lembre-se, tornar-se uma família acolhedora é uma decisão séria e um compromisso de longo prazo. É importante ter certeza de que você está pronto para abrir seu coração e sua casa para uma criança que precisa de amor, cuidado e segurança. Se você sente que está pronto, não hesite em dar esse passo. Seu amor e apoio podem fazer uma enorme diferença na vida de uma criança.

O que é necessário para se tornar uma família acolhedora?

  • Ter 25 anos ou mais;
  • Morar em Foz do Iguaçu;
  • Disponibilidade para participar dos processos de seleção, capacitação e acompanhamento;
  • Apresentar documentação solicitada;
  • Não ter interesse em adoção. 

Contatos para famílias interessadas:

WhatsApp 45 99829-0050

Instagram @familiaacolhedorafoz

Facebook /FamíliaAcolhedoraFoz