Darci Piana é natural de Carazinho, no Rio Grande do Sul, e sua simpatia e experiência de vida fizeram com que a conversa se tornasse leve e muito produtiva. Atualmente, Darci Piana é vice-governador do Paraná e conta com uma vasta trajetória de vida. Veja como foi o bate-papo.
Qual a sua trajetória pessoal e profissional antes de entrar para a vida pública?
Sou natural do Rio Grande do Sul, vim ainda jovem para o Paraná, onde passei no vestibular e fui trabalhar em uma empresa de autopeças. Fiquei lá durante 4 anos e passei a ser representante comercial, e foi assim que conheci Foz do Iguaçu e todo o Paraná. Após 13 anos, resolvi ter a minha própria distribuidora e, depois de um certo período, montei uma segunda empresa de autopeças. Por problemas familiares, vendi a empresa. Nesse momento, conheci o Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios no Estado do Paraná (Sincopeças), no qual me tornei presidente.
Entrei para o mundo dos sindicatos e federações, acabei expandindo o Sesc e o Senac, assumimos o Senac com 13 unidades e o Sesc com 21; hoje, nós temos 48 unidades do Sesc e 46 do Senac, sendo que 11 estão em construção. Fizemos e ainda estamos fazendo um grande trabalho, continuo sendo presidente da Federação do Comércio.
Há quase 5 anos, o governador Ratinho Junior fez um pedido para eu ser o candidato a vice com ele. Relutei no começo. Demorei bastante tempo. Teve muita conversa para eu aceitar o desafio, e com o tempo entendi que seria bom para o Paraná ter uma relação próxima com o empresariado.
Quais experiências hoje influenciam na sua abordagem política?
O importante para o empresário, de um modo geral, é se relacionar. Esse relacionamento que você mantém através de negócios e feiras é fundamental para qualquer empresário e aquele empresário que vê isso é uma porta, uma janela que se abre. Fazer visitas a feiras espalhadas pelo mundo, que eu conheço muitos países do mundo, eu fui em vários lugares e esse conhecimento, essa experiência que a gente vê dos outros, a gente traz para os negócios da gente. Então, buscar referências no mercado é essencial para que possamos melhorar ainda mais o nosso negócio.

Como a Tríplice Fronteira influencia nos projetos do governo estadual, especialmente em relação ao comércio e ao turismo?
Eu visito Foz do Iguaçu desde 1967, várias vezes entrei nas obras de Itaipu, porque eu fornecia peças de reposição para aquelas máquinas grandes que vinham importadas. O importante dessa fronteira toda é o relacionamento, pois todos os dias muitos empresários circulam entre os países; outras cidades do Paraná não têm essa facilidade da fronteira.
O Paraguai é o maior parceiro do Estado do Paraná, nós somos, na verdade, grandes consumidores daquilo que é produzido do lado de lá. E essa ponte que a gente está terminando de construir aqui é fruto da necessidade de melhorar este relacionamento com o Paraguai. Afinal de contas, se o Brasil cresce, o Paraguai precisa crescer também, a Argentina precisa crescer para melhorar para todo mundo. Mas então, a necessidade desse relacionamento é fundamental.
Ainda temos uma falha, pois o Mercosul não funciona em sua plenitude. Eu fui coordenador empresarial brasileiro do fórum econômico social do Mercosul aqui em Foz do Iguaçu, nós assinamos, com a presença do atual presidente Lula, a liberação do livre trânsito de veículos e pessoas. Naquela época, só tinha a Alfândega da Argentina e, 30 dias depois, passou a ter a brasileira. Hoje, para atravessar para o país vizinho, há filas de até 2 horas; então, que livre trânsito é esse? O que é o Mercosul, na verdade? Quer dizer, está faltando um pouco de bom senso dos países membros, é preciso entender que isso é um mercado para todo mundo.
Como o senhor equilibra a vida agitada com o lazer?
Eu sempre trabalhei bastante e não seria agora, com toda a experiência que eu tenho, que eu deixaria de trabalhar. Hoje, eu atuo no Sesc, Senac, Federação do Comércio, sou membro do Sebrae e agora atuo no governo. Costumo dizer que eu estou emprestado no governo, fazendo o meu papel de empresário dentro do setor público, aproximando o empresário do governo e vice-versa.
Nas horas vagas, eu gosto de pescar, me considero uma pessoa equilibrada e eu estou feliz, gosto do que faço.