Por: Silvio Meireles

Imagens: Silvio Meireles

Apoio: Francisco Amarilla

Quem passa, andando, na Rua Candido Ferreira, próximo ao Boulevard, no bairro Vila Yolanda, percebe que o verde é a cor predominante de uma mata ciliar de rica vegetação. O lugar é uma reserva de 100 mil metros quadrados, conhecido popularmente como a Mata do Boulevard. Ele é timidamente visitado por moradores locais, devido à falta de policiamento. O lado da reserva, que fica na Avenida das Cataratas, oferece ao visitante uma pequena praça, com sombra farta o dia todo e academia ao ar livre. No fim da tarde, muitos frequentadores ficam todos os dias por lá, eles se exercitam ou batem um papo entre amigos, compartilhando um tererê. Ainda pela Rua Candido Ferreira, o pedestre, ao descer em sentido contrário ao Boulevard, começa a ouvir um som relaxante e agradável de uma cachoeira, que fica a 30 metros da calçada. A água que atravessa o parque vem da nascente do Rio Boicy, no Jardim Iguaçu. A pequena cachoeira começa como cascata (só é considerada cachoeira, quando há uma queda, em forma de véu de noiva), depois de cair, a água desaparece por debaixo das casas do bairro.

A mata é nativa secundária, com algumas árvores primárias, que, em partes que não foram devastadas (a altura das árvores é um bom indicador se a mata foi devastada ou não. Quanto mais altas, mais pura é a mata). O verde é composto por árvores nativas, como: Cedro, Ipê, Guajuvira, Figueira e árvores frutíferas, que incluem ameixas, laranjas, Amora Silvestre e Goiaba. O local, morada de diversos animais, é ideal para os pássaros que vivem na cidade, muitos fazem ninhos por lá, é possível observar uma boa variedade deles. A primeira vista, a cachoeira transmite uma sensação de tranquilidade ao olhar. Após alguns segundo de observação, o visitante percebe que as margens do pequeno rio encontram-se cheias de lixo. Como a água passa por áreas urbanas, a chuva trás o lixo deixado nas ruas. Em dias chuvosos, a água da chuva escorre com força para a o rio, fortalecendo, ainda mais, a queda, dando um volume maior, deixando a paisagem mais atraente. E, é nesse momento que o lixo se enrosca nas margens.

Garrafas pet, sacolas de mercado e embalagens plásticas, contrastam com a paisagem natural.  Quase não se vê peixes na água, pois com a contaminação pelo caminho, e devido às ligações de esgotos, o rio fica poluído, dificultando a sobrevivência de animais.  O visitante que passar por lá vai precisar levar água para beber, pois não vai encontrar água potável para encher a garrafinha. Em uma parte da queda, há um aglomerado de pedras logo no início, a maneira em que elas estão expostas parece que aquilo foi feito pelo homem. “Tudo é natural, a força da água levam as pedras, que ao entrarem em contato com a lama nas paredes criam uma forma parecida com um muro”, diz Amarilla. É possível ver a queda ainda da Rua Candido Ferreira, sem descer até o lugar. Mesmo um pouco distante, o visitante consegue até tirar boas fotos, com uma câmera com um bom zoom óptico. Para os que desejam se aproximar mais, recomenda-se ir em grupo. O acesso é acidentado e curto. Dependendo do horário do dia, as fotos serão melhores com o auxilio de flash da câmera, pois a mata fechada impede a entrada de luz natural, escurecendo a paisagem. Repelente contra insetos é indispensável, uma vez que você pode ter a sensação que os bichinhos são carnívoros. Grandes raízes das árvores pelo caminho lembram veias da mata. É difícil deixar de admirar as formas dos cipós nas árvores. Alguns parecem cachos de cabelos e corações. Com fortes chuvas, algumas partes das trilhas desaparecem, impossibilitando o acesso. Caso o visitante não queira levar para casa muito barro no tênis, é melhor evitar os dias chuvosos.

Próximo dali encontra-se uma antiga represa pequena, onde havia um açude e local para lazer. Alguns moradores dizem que era uma praça aquática, com mini cascata, peixes e extensa área de lazer. Ainda é possível tirar uma foto em pequenos mirantes, que foram instalados às margens do rio. O que sobrou de toda a estrutura da represa ainda esta por lá. Algo que ainda é feito é o corte da grama, dá para aproveitar um pouco a paisagem, sem precisar abrir caminho por onde passa. “É uma pena ver um lugar tão bonito e tão acessível, sem aproveitamento. Foz do Iguaçu precisa de mais lugares assim para as famílias”, afirmam o casal de visitantes, Andréia e Cleber. A três quadras dali, existem mais duas cachoeiras, próximo à Guarda Mirim. O rio que passa por lá é o antigo Rio Guarapuava, que em um projeto de revitalização, mudou de nome para Rio Mimbi (na língua guarani, significa Rio Brilhante), segundo o guia Francisco Amarilla.

Foz do Iguaçu tem uma rica natureza acessível aos moradores, mas esses lugares são desconhecidos pela população. São atrativos gratuitos e disponíveis, que merecem mais atenção, tanto da população, como dos órgãos públicos.


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