Paraibano de Pombal, cidade localizada no alto sertão, foi no Amazonas que André Pepitone cresceu. E cresceu vendo o pai barrageiro trabalhar no setor de usinas hidrelétricas.
“Eu cresci dentro de vilas de usinas hidrelétricas, principalmente a usina de Tucuruí, que fica no estado do Pará, e a usina de Balbina, que fica no estado do Amazonas. Meu pai trabalhava na Eletronorte e eu vivi toda a minha infância no canteiro de obras dessas duas usinas. Lembro de ver o início do desmatamento para a construção da usina até o funcionamento das turbinas, algo que me marcou muito”, relembra.
Com isso, quando completou 17 anos, André decidiu seguir algo que já estava enraizado em seu sangue e por isso foi para a universidade cursar engenharia civil.
“Eu já tinha clareza do que eu queria, eu acho que a juventude hoje ela precisa sempre de boas inspirações e eu tive dentro de casa essa boa inspiração que foi meu pai, então já cresci sabendo que eu queria fazer engenharia civil e trabalhar com usina hidrelétrica”, conta.
E assim foi. Com a entrada em operação comercial das cinco unidades geradoras da usina de Balbina, seu pai se mudou para Brasília, pois a sede da Eletronorte era na capital federal. Pepitone foi fazer um intercâmbio cultural, onde morou um ano no norte de Michigan, nos Estados Unidos.
Quando retornou, em julho do ano seguinte, foi direto para Brasília e ingressou na Universidade de Brasília, no curso de engenharia civil. Depois fez especialização em geotecnia e começou a trabalhar no mundo das hidrelétricas.
“Comecei trabalhando justamente com os projetos de hidrelétricas, me lembro bem de nossa atuação no projeto básico e executivo da usina de Lajeado, que fica no estado de Tocantins. Logo em seguida, praticamente recém-formado, eu tive a oportunidade de entrar nos quadros da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), num desafio gigantesco que é a fiscalizar, mediar e regular as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia em todo o Brasil “, frisa.
Pepitone relembrou que para trabalhar na ANEEL, teve que obter êxito em três processos seletivos públicos. O primeiro em 1999, quando se formava o quadro temporário da recém-criada Agência Nacional de Energia Elétrica. O segundo em 2000, quando do primeiro concurso público realizado, na tentativa de formar o quadro definitivo desta Agência, porém o processo seletivo foi anulado pelo STF. O terceiro e derradeiro, se deu em 2004, quando nova iniciativa de formar os quadros definitivos da ANEEL foi empreendida, e assim tomou posse em 2005 como Especialista em Regulação, com a nobre missão garantir o fiel cumprimento da política energética nacional.
Nos últimos 22 anos a ANEEL foi a sua casa, onde entrou como engenheiro recém-formado, exerceu diversas posições dentro do organograma da ANEEL até ser nomeado pelo Presidente da República, em 2010, para exercer mandato de quatro anos como Diretor. Em 2014, foi reconduzido ao cargo e em 2018, após sabatina na comissão de Infraestrutura do Senado Federal e aprovação do plenário daquela casa legislativa, foi nomeado Presidente da Agência.
Diante do término de seu mandato na ANEEL, recentemente, foi convidado para assumir a direção-financeira da Itaipu Binacional, lado brasileiro, substituindo o atual diretor-geral, Almirante Anatalicio Risden Junior.

No âmbito internacional, Pepitone exerceu, nos últimos quatro anos, mandato de Presidente da Associação Iberoamericana de Entidades Reguladoras de Energia – ARIAE, entidade que reúne 27 reguladores de energia de 20 países iberoamericanos. Nesse período ampliou o protagonismo de nosso País na regulação energética regional e mundial, projetou a excelência da regulação do Setor Elétrico para além do território nacional.
Assista a entrevista na íntegra.
Desafios do cargo na Itaipu
Há pouco mais de dois meses Pepitone assumiu a diretoria-financeira da Itaipu Binacional. “Eu recebi com muito entusiasmo o convite e me senti muito honrado em vir para a Itaipu. Quando eu recebi o convite, primeiro pelo Ministro Bento Albuquerque, depois pelo Ministro Adolfo Sachsida, referendado pelo presidente Bolsonaro, estava no exercício da presidência da ANEEL, onde encerraria o mandato em agosto, então antecipei minha saída e o fiz com muita satisfação. Em nossa atuação de tanto tempo na agência reguladora de energia, eu sempre considerei Itaipu um empreendimento hidrelétrico exemplar, que está na vanguarda dos acontecimentos do setor”, destaca.
Ele explica que continuará dando sequência ao brilhante trabalho que o Almirante Risden vinha conduzindo antes de assumir como diretor-geral.
“Eu cheguei e encontrei uma diretoria organizada com foco em eficiência, produtividade, trabalhando com transparência e austeridade. A implantação da metodologia do orçamento base zero – OBZ, pelo Almirante Risden em 2019, é um marco na gestão financeira da empresa. Darei sequência a esse trabalho observando os princípios da boa administração pública. Então é esse trabalho que nós estamos fazendo, adotando essas práticas modernas de gestão de mercado, e como disse no meu discurso, o objetivo é racionalizar custos e potencializar recursos”, reforça.

Pepitone destaca também que além de trabalhar pela produtividade e eficiência, não dá para esquecer da importância do relacionamento binacional entre Brasil e Paraguai que foi marcado ao longo desses quase 50 anos de tratado pelo diálogo e pela preservação dos interesses tanto da sociedade brasileira quanto paraguaia.
“Além de tudo isso nós vamos trabalhar juntos, com a equipe da Itaipu, os colaboradores, os funcionários, as lideranças, enfim temos um time muito capacitado para fazer frente aos desafios. O convívio pacífico entre posições contrárias, quando houver, é possível e que as soluções negociadas são sempre melhores do que as nascidas do confronto. A capacidade de dialogar e trocar argumentos estão na base de qualquer convivência democrática pacífica, esse trabalho em conjunto fortalece a imagem da Itaipu Binacional”.
Sobre as obras estruturantes que estão acontecendo em Foz do Iguaçu, Pepitone ressalta que são de extrema importância para o desenvolvimento econômico e social.