As previsões da Comissão Especial de Cheias (CEC) da Itaipu Binacional foram confirmadas com a chegada de chuvas intensas nesta quinta-feira (2), elevando os riscos já existentes em áreas afetadas pelos rios Iguaçu e Paraná. Segundo o monitoramento contínuo da CEC, que conta com 55 pontos de medição, a região enfrenta agora a possibilidade de acumular cerca de 150 milímetros de chuva até sexta-feira (3).

Diante das adversidades climáticas, a Itaipu Binacional emitiu um aviso crítico para as famílias deslocadas pelas enchentes, recomendando que permaneçam em local seguro e não retornem às suas residências até que as condições sejam plenamente seguras. A entidade, que analisa dados de previsão meteorológica e de medições locais, está desenvolvendo estratégias operacionais para a usina que visam diminuir o impacto das inundações nas comunidades locais, mantendo a segurança da barragem e assegurando o fornecimento de energia elétrica para o Brasil e Paraguai.

O nível do rio Paraná, medido na região da emblemática Ponte da Amizade, atingiu 116,28 metros devido às recentes precipitações, ultrapassando a média normal de 101,66 metros. Essa situação é agravada pelo represamento causado pelo Rio Iguaçu, que resultou em um pico de 119,11 metros na última segunda-feira (30). A preocupação aumenta com a previsão de mais chuvas, visto que residências e estruturas começam a ser afetadas a partir da marca de 108 metros, e inundações moderadas ocorrem entre 118,80 e 128,99 metros. Inundações severas são registradas somente acima dos 129 metros, uma situação considerada crítica e que traz à memória o recorde histórico de 127 metros em 1992.

As autoridades mantêm vigilância constante e estão comprometidas em fornecer atualizações regulares, instruções de segurança e assistência necessárias às populações afetadas. A recomendação é para que os cidadãos acompanhem os boletins e atendam às orientações das equipes de emergência e Defesa Civil, permanecendo em alerta máximo enquanto a região atravessa este período desafiador.

Contenção

Mobilizada desde sábado (28), a CEC acompanha a situação e adota estratégias de operação de acordo com o momento atual. A Itaipu, por exemplo, no pico da cheia do rio Iguaçu, guardou o máximo possível de água em seu reservatório, para reduzir o vertimento aos menores níveis. A usina só abriu o vertedouro na quarta-feira, após o recuo das vazões do Rio Iguaçu. Na segunda-feira, 30, a vazão nas Cataratas chegou a 24 mil metros cúbicos por segundo (m³/s), 20 vezes mais do que o normal. Nesta quinta, o volume está em 11 mil m³/s.

O vertedouro de Itapu chegou a escoar nesta quinta-feira 6 mil m³/s. A previsão é que esse valor vai diminuir gradativamente nesta sexta-feira, para 1,5 mil m³/s. A usina está operando seu reservatório na cota 219,69 metros acima do nível do mar. A cota varia entre 219 e 220,30 metros, sem prejuízos para o funcionamento da usina.

Na quarta-feira, a produção de energia ficou em torno de 11.000 megawatts-médios e a afluência de água ao reservatório é 17.800 m³/s, vazão que deve continuar nos próximos cinco dias, com tendência de redução gradativa até atingir valores próximos a 11 mil m³/s.

Famílias atingidas

No lado paraguaio, cerca de 500 moradias foram atingidas em diferentes bairros próximos à fronteira com o Brasil. O mais afetado é o San Rafael, em Ciudad del Este, com 140 casas inundadas. Algumas residências em centros urbanos também foram alagadas. Cerca de 85 pessoas foram levadas para albergues mantidos pela Itaipu e estão sendo orientadas a aguardar a situação voltar ao normal para retornar. No lado brasileiro, alguns pontos, nas imediações do antigo Espaço das Américas e o Iate Clube Cataratas, no bairro Porto Meira, foram atingidos.

A usina de Itaipu é uma hidrelétrica que funciona a fio d’água, com um reservatório pequeno proporcionalmente à sua capacidade de produção de energia elétrica. A água que chega das cerca de 50 usinas localizadas a montante do Rio Paraná é usada para a geração de energia.

A CEC é formada por profissionais brasileiros e paraguaios, de diferentes áreas da empresa.

A binacional emite boletins hidrológicos diários, que são repassados aos órgãos de Defesa Civil do Brasil e do Paraguai e podem ser consultados no link:https://www.itaipu.gov.br/sites/default/files/HIDROLOGIAPY/BH.pdf 

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