O empreendedorismo feminino, e a liderança exercida por mulheres, estão se tornando cada vez mais visíveis e valorizadas em nossa sociedade. Isso evidencia a capacidade das mulheres em encarar os desafios do mercado e se sobressair. 

Alcançar uma posição de liderança ou se lançar na jornada do empreendedorismo não é tarefa fácil. No entanto, o Brasil figura entre os 10 países com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo, conforme o estudo Global Entrepreneurship Monitor 2021. A pesquisa revela ainda que mais da metade das brasileiras dedicam-se ao comércio de bens e serviços. Apesar do avanço expressivo do empreendedorismo feminino, a liderança masculina ainda predomina nas empresas. 

De acordo com dados do Sebrae, existem cerca de 9,3 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, o que representa 34% do total de proprietários de negócios no país. 

Em Foz do Iguaçu, a realidade é similar. As mulheres representam apenas 45% do total de empreendedores na cidade, totalizando 39.679 empreendedoras, enquanto os homens perfazem 55%, somando 49.364 indivíduos. 

A pandemia tem sido um incentivo para a criação de novos negócios, não apenas em Foz do Iguaçu, mas em todo o Brasil. Ao mesmo tempo, tem aumentado a visibilidade de pequenas empresas já existentes, como a Viciadas em Makeup, idealizada por Bárbara Oliveira. 

Bárbara, mesmo na infância, já trazia em si o espírito empreendedor, vendendo gelinho, bombom e pulseiras. Este espírito transformador a conduziu à criação de um negócio no competitivo mundo da maquiagem, com apenas 18 anos, idealizou a Viciadas em Makeup e começou o seu negócio com dinheiro emprestado. A pandemia, contudo, apresentou a Bárbara novos desafios.

“No primeiro mês de pandemia, o medo tomou conta. As pessoas estavam assustadas, gastando apenas no essencial, e pensei que fecharíamos as portas”, explica Bárbara. “No entanto, como sempre fomos uma loja online e trabalhamos com entrega, não tivemos que fechar. As pessoas passaram mais tempo em casa e na internet, e a partir do segundo mês de pandemia, nossas visualizações nas redes sociais começaram a crescer muito, e consequentemente as vendas também.”

Bárbara Oliveira.

Bárbara, assim como tantos outros, sofreu com o impacto psicológico da pandemia. “Todo aquele cenário de mortes pelo mundo todo, saúde em geral um caos, isolamento social e todas as consequências que a pandemia trouxe, foi algo que mexeu muito com minha saúde psicológica, e foi quando eu entrei em depressão.”

Mas, com o apoio da família e sua resiliência, Bárbara conseguiu superar este momento. Hoje, menos de dois meses após retornar à loja, ela já percebe uma crescente retomada do movimento.

Empreender não é uma tarefa simples, requer coragem e determinação para enfrentar os inúmeros desafios que surgem no caminho. Esta realidade se torna ainda mais complexa quando se é uma jovem mulher empreendedora.

Bárbara Oliveira.

Barbara defende que o Brasil precisa fazer mais para apoiar pequenas empresas. “O processo de simplificação para a abertura de uma empresa e o regime tributário com impostos diferenciados para MEIs são de extrema importância para pequenos negócios e, principalmente, para quem está começando. Mas acredito que ainda faltam linhas de crédito diferenciadas para impulsionar essas empresas. Há uma dificuldade enorme em conseguir capital para alavancar um pequeno negócio, e isso faria muita diferença”, finaliza.

Outra história inspiradora vem de Ana Cláudia Oliveira Chagas, que trocou o interior de São Paulo por Foz do Iguaçu, trazendo consigo a habilidade e o amor pela confeitaria.

Impulsionada pelo espírito empreendedor, Ana está sempre investindo em sua formação. “Logo que chegamos em Foz, comecei a buscar cursos relacionados à confeitaria e gastronomia. Nunca parei de estudar desde que comecei a vender bolos por meio da Blessed Cake. A confeitaria é inovação, e quem trabalha com confeitaria não pode deixar de evoluir.”

Durante a pandemia, Ana fez o curso superior de gastronomia e produziu conforme os pedidos chegavam e o tempo da faculdade permitia. “Sem dúvida, o grande desafio em ser mulher está nas jornadas de trabalho. Além de empreendedora, sou mãe, sou casada, sou dona de casa e ainda busco aperfeiçoamento profissional o tempo todo. Em alguns momentos, é bastante cansativo; então, esse se torna o meu maior desafio sendo mulher.” 

Ana Cláudia Oliveira Chagas.

Ela explica que se adaptou bem à divulgação nas redes sociais e sempre busca acompanhar o ritmo frenético das transformações tecnológicas.

Bolo feito por Ana.

 “A possibilidade da abertura do MEI com certeza é um grande marco para a Blessed Cake como marca, como empresa, me dando possibilidades que sem CNPJ não seriam possíveis. Mas acredito que ainda existem pontos nas políticas públicas que devem voltar o olhar para os microempreendedores individuais, já que somos nós que fazemos o mercado local girar, somos nós, os MEI’s, que produzimos produtos e serviços para grande parte da população, valorizando as culturas locais e o mercado local.”, finaliza Ana. 

A contribuição dos pequenos negócios para o desenvolvimento econômico e social do país é essencial. Apesar dos desafios, as mulheres continuam trilhando seu caminho, enriquecendo a economia e transformando a sociedade.