Natural de Curitiba (PR), Gleisson Alisson Perereira de Brito chegou à Foz do Iguaçu em 2013, após muitas mudanças em sua vida profissional, e hoje é Reitor da Unila.
Graduado em Educação Física e Ciências Biológicas, na capital do estado, sua área de conhecimento girou em torno da biologia molecular e fisiologia, que estuda o funcionamento dos sistemas do organismo humano. Fez mestrado e doutorado na área de fisiologia e, após finalizar o doutorado, começou a estudar e se candidatar para concursos públicos. Também atuou em algumas instituições privadas como professor. Deu aulas na PUC do Paraná, para o curso de medicina e nutrição, também trabalhou em uma universidade de São Paulo, nas áreas de saúde. Então fez um concurso para professor substituto na Federal do Paraná, e atuou lá durante dois anos.
Mas ele sempre quis mais. Assim surgiu uma grande oportunidade para ser professor em São Luís, no Maranhão. Fez o concurso e passou. Nessa mesma época apareceu o concurso da Unila, em Foz do Iguaçu, também para professor e, mesmo já tendo passado em São Luís, Gleisson decidiu fazer o concurso em Foz. Passou ali também.
“Ambos fiz no final de 2012. E como eu não tinha certeza em quanto tempo iriam me chamar para o concurso da Unila, decidi me mudar para o Maranhão e fiquei atuando lá por cerca de quatro meses. Eu morei no centro histórico da capital que é patrimônio cultural da Unesco, então era uma área muito bonita, um povo alegre e uma cultura rica, algo que acrescentou muito em minha vida. Mas nesse período fui chamado para assumir o concurso na Unila e por ser mais perto de Curitiba, conversei com minha esposa e decidimos nos mudar para Foz do Iguaçu”, relembra Gleisson.
Com isso, ele entrou na Unila no dia 19 de fevereiro de 2013 para assumir o cargo de professor universitário. Vivendo em Foz já há 10 anos, hoje Gleisson tem dois filhos iguaçuenses e desde 2019 assumiu o cargo de reitor da instituição.
A experiência na Unila
Gleisson relembra que quando chegou à Unila, a universidade era ainda muito nova, pois foi criada em 2010. Havia muito trabalho a ser feito e, por mais que ele estivesse ali para cumprir seu papel de professor universitário, aos poucos se viu em meio a outras responsabilidades. Isso porque a universidade ainda era pequena e, de certa forma, exige que quase todos se envolvam na administração, pelo simples fato que não havia ainda um número suficiente de pessoas para assumirem cada uma das frentes administrativas necessárias.
“Quando eu cheguei em 2013, nós tínhamos mais cargos e encargos docentes a serem ocupados, do que professores contratados. Isso foi um grande desafio. Eu já conhecia Foz a turismo, mas não tinha muito conhecimento sobre a Unila e quando cheguei aqui vi o potencial dessa universidade que estava crescendo. Foi algo que sempre me orgulhou, poder atuar em uma universidade que é bilíngue por lei, onde o espanhol e o português são as línguas oficiais, e que possui um ambiente multicultural”.
gleisson de brito
Durante o tempo em que atuou como professor, Gleisson também foi vice-coordenador do Centro Interdisciplinar de Ciências da Vida, e Diretor do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza. E em meio às aulas e atividades administrativas, surgiu a oportunidade de se candidatar a Reitor da Unila, algo que ele confessa ter partido de um incentivo dos colegas.
“As universidades têm um modelo de gestão determinada em lei que é feito por órgãos colegiados. Então existe a figura do Reitor, mas para vários temas existe, acima da reitoria, um órgão superior, o Conselho Universitário. Na eleição, a comunidade da universidade vota para escolher dentre os candidatos à reitoria. Posteriormente o Conselho Universitário, subsidiado por esta consulta pública, realiza a eleição. Mas a Unila, por ser muito nova, até 2018 não tinha executado uma eleição para reitoria. Havia sim um Reitor, mas não definido por meio de eleição, e sim de forma diretamente nomeada. O cargo de Reitor das universidades públicas federais, que são autarquias federais, é um cargo definido pelo Poder Executivo, a partir de uma lista tríplice. Ou seja, quem nomeia é o Presidente da República”, explica Gleisson.
Sendo assim, quando Gleisson se candidatou para o cargo foi a primeira vez que a universidade teve uma eleição. Ele explica que houve um período de campanha política, onde os candidatos apresentam suas ideias e defendem seus projetos previamente à eleição. Em geral são duas fases, uma chamada de consulta pública, onde todos os servidores e estudantes da universidade votam, e uma segunda etapa definida pelo conselho universitário.
“Nessa fase todos os membros daquele conselho se reúnem e eles fazem a votação. Esse conselho é composto por professores, por técnicos, por estudantes, além de membros da comunidade externa. Esse é um aspecto muito importante, que às vezes a comunidade externa não conhece. A universidade é propriedade da população e a comunidade externa tem espaço para se fazer escutada dentro da instituição”, ressalta.
Com isso, no final de 2018 Gleisson foi eleito Reitor da Unila e assumiu o cargo em junho de 2019.
Importância da Unila para a região
Gleisson explica que o norte da universidade pública, na concepção da gestão atual, é a administração de excelência, baseada nas principais ferramentas de governança pública, focadas na excelência do ensino da pesquisa e da extensão, tendo uma administração que valoriza a pluralidade e diversidade.
“Tem sido uma experiência fantástica, porque eu aprendo todos os dias um pouco mais sobre gestão, sobre administração e sobre a importância de ter uma comunidade com espírito tão resiliente como é a comunidade acadêmica. Passamos por ventos turbulentos, mas o corpo de de servidores e discentes sempre foi muito forte. Ele é composto por pessoas que tem um amor muito profundo pela instituição. Então, apesar dos ventos fortes todos remamos juntos”.
O Reitor explica também que a Unila é de extrema importância para a região, pelo papel que ocupa e a força que tem como intuição federal com vocação para a integração latino-americana. “A Unila é a universidade mais internacional do Brasil hoje. É uma universidade que têm fomentado um interesse internacional, a ajudado a colocar o Brasil em posição de destaque no cenário regional do ensino superior. Hoje contamos com cerca de sete mil alunos, e desses, aproximadamente 1.500 são de outros países da América Latina. Ou seja, a grande maioria dos alunos são brasileiros, mais especificamente de Foz do Iguaçu e da região oeste do Paraná., frisa.
Além disso, Gleisson reitera que a Unila têm impacto também junto a economia da região, pois essa atração por estudantes, locais e de fora, faz com que a cidade cresça, gerando grande impacto econômico no comércio local, além de que toda a verba que o Governo Federal aplica na universidade está sendo injetada na região. Segundo o Reitor atualmente há mais de 300 contratos com locatários e com prestadores de serviço e fornecedores, ou seja, são empresas que estão, por meio dessa autarquia federal, prestando serviço para o poder executivo federal e alimentando a economia da região.
Novos projetos
A Unila vem se consolidando e Gleisson explica que há três grandes frentes de atuação em sua gestão.
- Frente Acadêmica (Ensino, Pesquisa, Extensão e Internacionalização);
- Responsabilidade Social e Sustentabilidade;
- Infraestrutura.
“Todos os 29 cursos de graduação da Unila e 12 programas de pós-graduação (incluindo os mestrados e os doutorados) são avaliados pelo MEC. Os cursos de graduação têm recebido notas 4 e 5, ou seja, as notas máximas do Ministério da Educação. Isso mostra a qualidade do nosso corpo acadêmico e do ensino que contribui para a formação desses futuros profissionais. Esse conjunto de índices apontam para um cenário onde cada vez mais a universidade está crescendo, se consolidando na frente acadêmica”.

Atualmente há muitos projetos sendo desenvolvidos na Unila, principalmente na área acadêmica. Mas com relação a infraestrutura também há projetos sendo executados, com o objetivo de acabar com os contratos de aluguéis dos prédios onde se encontra a Unila e avançar na obra do prédio próprio.
“A Unila não é uma instituição que produz seus recursos próprios, ela depende do Governo Federal. Com isso, os valores repassados pelo governo nem sempre conseguem suprir todas as demandas que temos. Mas nos últimos anos conseguimos avançar bastante nas obras de infraestrutura, apesar desta situação orçamentária e apesar dos aluguéis. Com uma gestão estratégica, nós conseguimos, nesses últimos quatro anos, inaugurar o alojamento estudantil, uma obra que começou lá nos idos de 2014. Também conseguimos iniciar um novo campus que a gente chama de Campus Integração, que fica ali na Av. Tancredo Neves, onde o primeiro bloco de aulas já foi inaugurado. Nesse semestre queremos dar início as demais obras do terceiro prédio da Unila. Com isso, conforme a universidade vai consolidando a sua infraestrutura própria, ela vai entregando os prédios alugados e o recurso que não é mais utilizado será injetado na área acadêmica e de pesquisa, que é o nosso grande objetivo”, destaca.
Na frente da responsabilidade social, destacam-se as políticas da universidade para reserva de vagas, não apenas referentes à lei de cotas, mas também através de editais específicos para indígenas e portadores de visto humanitário. Ademais, pela primeira vez a universidade instituiu o orçamento participativo, por meio da pró-reitoria de assuntos estudantis, o que resultou em um aumento histórico nos valores das bolsas destinadas aos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A Reitoria também instituiu um grupo de trabalho para constituir uma política de ações afirmativas, que visa institucionalizar de modo perene as frentes de atuação da universidade para garantir acesso, permanência e o sucesso acadêmico de grupos minoritários, historicamente alijados do espaço universitário. Destaca ainda, na frente da sustentabilidade, o Plano de Logística Sustentável. Um documento que visa estabelecer ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação das práticas de sustentabilidade.
Parcerias futuras
Recentemente o Reitor esteve em Brasília juntamente com demais reitores de universidades públicas do país para conversar com o atual presidente Lula, e o Ministro da Educação sobre novos projetos para as universidades.
“Essa reunião de fato marcou um novo momento de abertura para escutar as demandas que a rede de universidades federais do Brasil tem. Nessa reunião o tom foi essencialmente de abertura e de diálogo e de buscar construir uma agenda conjunta de solução para as necessidades das universidades federais”.
Gleisson também comentou sobre a possibilidade de voltar o diálogo com o Governo Federal sobre a obra que está parada desde 2014, o campus Niemeyer.
“Nesses últimos quatro anos nós construímos várias alternativas e várias ferramentas foram desenvolvidas como potenciais soluções para esse imóvel, assim como o Campus Integração que hoje é uma realidade”, friza.

Para fechar, Gleisson destaca que a Unila vem crescendo a cada dia em número de estudantes, e ações acadêmicas, e que conseguir ter um espaço próprio que agregue todo esse crescimento é essencial para a universidade.
“Vamos avaliar juntos e vamos seguir, mas eu acredito que há um novo interesse político em fazer com que as obras públicas paradas sejam consolidadas e um momento talvez único da gente encontrar uma saída definitiva. Enfim, estamos aguardando uma audiência em breve com o Ministério da Educação para poder discutir esse e outros assuntos”, finaliza.