A infidelidade financeira ocorre quando um parceiro toma decisões financeiras ou realiza atividades financeiras sem o conhecimento ou consentimento do outro parceiro. Isso pode ser prejudicial para a relação, pois viola a confiança e a comunicação entre os parceiros.

Confira as principais perguntas sobre o assunto:

O que é infidelidade financeira?

A infidelidade financeira ocorre quando um dos parceiros em um relacionamento mantém segredos sobre questões monetárias. Especialistas identificam quatro cenários principais em que a infidelidade financeira pode ocorrer: omissão de ativos, passivos, renda e despesas.

A omissão de ativos envolve a ocultação de bens e direitos, enquanto a de passivos refere-se a esconder obrigações com terceiros, como dívidas. A omissão de renda acontece quando o dinheiro que entra no orçamento do casal é mantido em segredo, e a de despesas é caracterizada pelo ocultamento dos gastos.

Além desses cenários, a infidelidade financeira também pode ser observada quando um dos parceiros manipula o patrimônio do casal com o objetivo de se beneficiar em um divórcio iminente.

Exemplos de como a infidelidade financeira pode ocorrer

A infidelidade pode acontecer em várias situações, mas a mais comum é esconder gastos. Pode ser comprar algo caro, estourar o limite do cartão de crédito ou pegar dinheiro das economias (mesmo que coloque de volta depois), e não contar para evitar brigas ou medo do julgamento.

Outro exemplo é receber um aumento, ter uma conta bancária ou investimento que o parceiro não saiba. Pode ser que a pessoa queira guardar dinheiro para uma surpresa, mas esconder informações financeiras importantes pode ser visto como uma traição.

Ser demitido, ter problemas fiscais ou declarar falência sem comunicar ao parceiro, ainda que a pessoa esteja com vergonha da situação, também são formas de infidelidade financeira.

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Infidelidade financeira é comum?

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De acordo com a pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro”, realizada em 2019 pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), apenas 10% dos brasileiros compartilham suas decisões financeiras com o cônjuge ou parceiro. Isso pode levar a uma falta de comunicação e transparência nas finanças do casal, o que, por sua vez, pode aumentar a probabilidade de infidelidade financeira.

Além disso, uma pesquisa realizada em 2018 pela plataforma de empréstimos Just Online, revelou que 36% dos entrevistados escondiam alguma informação financeira do parceiro. Entre os entrevistados, 32% disseram que escondiam compras feitas no cartão de crédito e 20% afirmaram ter contas bancárias desconhecidas pelos parceiros.

Outro dado interessante é que uma pesquisa realizada em 2017 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 4 em cada 10 casais (ou 42%) enfrentaram problemas no relacionamento devido a questões financeiras. Esses problemas incluem dívidas não planejadas, desemprego e divergências em relação aos gastos e investimentos.

A infidelidade financeira é crime?

A infidelidade financeira, apesar de ser moralmente questionável e gerar sérias consequências nos relacionamentos, não é considerada um crime, assim como a infidelidade sexual e afetiva. Entretanto, esconder informações financeiras do parceiro pode acarretar problemas legais e financeiros significativos para ambos.

Em casos de dívidas adquiridas durante o casamento, o regime de bens escolhido pelo casal pode determinar se os dois se tornam devedores. No regime de comunhão parcial ou universal de bens, por exemplo, as dívidas são compartilhadas entre os cônjuges, mesmo que apenas um deles tenha contraído a dívida. No entanto, no regime de separação total de bens, cada parceiro é responsável por suas próprias dívidas.

Se a infidelidade financeira levar a um divórcio, a divisão das dívidas também será influenciada pelo regime de bens adotado. Nos regimes de comunhão parcial e universal, as dívidas são divididas igualmente entre os parceiros, enquanto no regime de separação total, cada um arca com suas próprias obrigações financeiras.

Quando a infidelidade financeira vira traição?

A infidelidade financeira não é um problema quando ela é aquela situação em que você está se sentindo mal e vai fazer uma massagem, cuidar do cabelo ou tomar um café com os amigos. Essas coisas estão dentro do orçamento, e você não precisa prestar contas.

Você pode ter entrado no vermelho por um deslize. Você sabia que o cartão vencia hoje e não agendou o pagamento, teve que pagar com juros e perdeu uns R$30. Às vezes, a conversa sobre o acontecido gera um problema maior que pagar os 30 reais.

Essas são as típicas infidelidades financeiras. Elas são toleráveis quando não criam problemas, mas se você paga 30 reais este mês, 50 no próximo, 200 no outro e agora está pagando mil, essa infidelidade já virou traição.

Quem está passando pela situação de criar a infidelidade financeira normalmente tem a consciência que está fazendo errado, mas também precisa entender que não pode deixar as coisas sairem ainda mais do controle.

Qual o impacto no relacionamento?

Um dos principais impactos da infidelidade financeira é a quebra da confiança no relacionamento. A confiança é um pilar fundamental para qualquer relação saudável e estável, e quando um dos parceiros oculta informações financeiras ou toma decisões unilaterais, a confiança pode ser seriamente comprometida. Isso pode levar a um aumento da tensão e do conflito no relacionamento, prejudicando a comunicação entre os parceiros

Além disso, a infidelidade financeira pode causar problemas financeiros concretos para o casal. Dívidas ocultas, gastos excessivos ou investimentos inadequados podem colocar em risco a estabilidade financeira da família e criar dificuldades financeiras a longo prazo. Essas questões financeiras podem gerar estresse adicional no relacionamento, contribuindo para o desgaste emocional dos parceiros.

Em casos extremos, a infidelidade financeira pode levar à separação ou ao divórcio, uma vez que a confiança e a comunicação entre os parceiros se deterioram a ponto de serem insustentáveis.

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Como evitar uma infidelidade financeira?

Comunicação aberta e honesta: Conversar abertamente sobre dinheiro e finanças é fundamental para evitar mal-entendidos e desentendimentos. Reserve um tempo para discutir suas metas financeiras, preocupações e expectativas com seu parceiro. Lembre-se de que é importante ser honesto e transparente sobre sua situação financeira, mesmo que possa ser desconfortável no início.

Estabelecer metas financeiras em conjunto: Definir metas financeiras juntos, como economizar para a aposentadoria, comprar uma casa ou viajar, pode fortalecer seu relacionamento e garantir que ambos estejam na mesma página. Trabalhar em direção a objetivos comuns ajuda a criar um senso de responsabilidade compartilhada e compromisso mútuo.

Criar um orçamento conjunto: Desenvolver um orçamento familiar que inclua todas as despesas e rendimentos do casal é uma excelente maneira de garantir transparência e responsabilidade financeira. Ao acompanhar as despesas e receitas, ambos os parceiros podem tomar decisões informadas e evitar surpresas financeiras indesejadas.

Manter contas conjuntas e individuais: Uma abordagem equilibrada para as finanças do casal pode ser a combinação de contas conjuntas para despesas compartilhadas e contas individuais para gastos pessoais. Isso permite que cada parceiro mantenha certa autonomia financeira, sem comprometer a transparência e a confiança no relacionamento.

Revisar regularmente as finanças: Faça um “check-up” financeiro regularmente com seu parceiro para garantir que ambos estejam cientes da situação financeira atual e possam ajustar o orçamento e as metas conforme necessário. Essa prática também oferece a oportunidade de identificar e resolver possíveis problemas antes que se tornem maiores.

Educação financeira conjunta: Aprender juntos sobre finanças pode ser uma maneira divertida e produtiva de fortalecer seu relacionamento. Participar de cursos, workshops ou ler livros sobre finanças pessoais pode ajudar a aprimorar suas habilidades financeiras e garantir que ambos estejam bem informados para tomar decisões conscientes.

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