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Uma pesquisa recente, conduzida pela Serasa em colaboração com o Instituto Opinion, desvendou que nove em cada dez mães no Brasil se encarregam do orçamento familiar.
Este dado é expressivo, dado que além de administrar as finanças, muitas dessas mulheres ainda cumprem jornadas de trabalho e responsabilizam-se pelos cuidados com os filhos e o lar. O estudo enfatiza o papel crucial das mulheres na economia familiar brasileira, onde, frequentemente, assumem a função de “super mães”.
Ser uma mãe brasileira representa um desafio, especialmente em meio ao cenário econômico atual. Segundo a pesquisa, 84% das mães entrevistadas, quase oito em cada dez, buscaram formas de renda suplementares ao trabalho regular para sustentar a casa e os filhos.
Esse anseio por renda adicional realça a dupla jornada de trabalho que muitas dessas mulheres encaram, dividindo-se entre emprego e cuidados domésticos e familiares, tendo que gerenciar o estresse e a pressão inerentes a estas responsabilidades.
O engajamento crescente das mulheres na gestão do orçamento doméstico não se atribui unicamente à crise econômica. As mulheres estão cada vez mais atuantes no mercado de trabalho, assumindo posições de relevância em diversas empresas. Elas almejam autonomia financeira, carreiras promissoras e postos de liderança, inclusive em setores tradicionalmente dominados por homens, como engenharia e finanças.
No entanto, nem todas as mães têm essa oportunidade.
A realidade das mães negras
A disparidade salarial é uma realidade preocupante no Brasil, em particular para as mães negras. De acordo com um estudo realizado pela iO Diversidade e pelo Instituto Locomotiva, um quarto das mães negras afirmou receber salário inferior ao de colegas não-negras que exerciam as mesmas funções.
Este dado é alarmante e reitera a urgência de abordar a questão da igualdade salarial sob uma perspectiva interseccional, levando em conta não apenas o gênero, mas também a raça.
Além da desigualdade salarial, a discriminação racial no ambiente de trabalho é outro sério problema que as mães negras enfrentam. A mesma pesquisa indica que 30% das mães negras relataram ter sofrido discriminação no trabalho devido à sua raça ou cor, enquanto entre as mães não-negras, esse número é de apenas 8%.
Esses incidentes de discriminação podem impactar de maneira significativa a saúde mental e o bem-estar das mães negras, além de afetar suas possibilidades de carreira e crescimento profissional. Isso contribui para um ambiente de trabalho hostil e inseguro que pode, eventualmente, levar essas mulheres a abandonarem o mercado formal de trabalho.
Leis de Igualdade Salarial
Recentemente, a Câmara dos Deputados brasileira aprovou um projeto de lei que estabelece igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções similares. Embora isso represente um avanço significativo na luta pela igualdade de gênero no ambiente de trabalho, a implementação efetiva desta lei ainda encontra obstáculos, principalmente quando se trata de assegurar igualdade salarial para as mães negras.
Embora as leis sejam indispensáveis para promover a igualdade salarial, é igualmente crucial confrontar a discriminação racial e o preconceito no ambiente de trabalho, a fim de criar um espaço mais inclusivo e acolhedor para as mães negras.
A batalha pela igualdade salarial e contra a discriminação racial no trabalho é uma questão premente que requer ação tanto de políticas públicas quanto de iniciativas corporativas. Além disso, é imprescindível um esforço coletivo da sociedade para modificar percepções culturais e estereótipos que perpetuam tais desigualdades. Só assim poderemos avançar rumo a um futuro mais justo e equitativo para todas as mães, independentemente de sua cor ou origem étnica.