No dia 18 de maio completará dois meses que a Ponte Internacional da Amizade está fechada. E desde que ela fechou parte da nossa identidade se foi. Digo nossa identidade de morador da Tríplice Fronteira, porque a Ponte Tancredo Neves – entre Brasil e Argentina – também está fechada. Assim, três países e três cidades que viviam integrados de repente se veem isolados, à mercê de um vírus que tomou conta do mundo todo, desmanchou sonhos, adiou projetos e ceifou vidas.
Aqui, na nossa casa, alterou um estilo de vida, aquele de quem podia tomar café em Foz do Iguaçu, almoçar em Ciudad del Este e jantar em Puerto Iguazú; aquele de quem cruzava a fronteira todos os dias para trabalhar, fazer compras ou visitar a família; aquele de quem podia visitar as Cataratas porque elas estão no nosso quintal de casa, mas quando foi a última vez que fomos? É, aposto que você está com vontade de visitá-las, porém agora ainda não é possível, porque o acesso a elas também está fechado.
Quando a gente iria imaginar que isso tudo aconteceria assim, da noite pro dia?! Entretanto aconteceu e hoje vivemos um novo momento, ainda incerto, contudo também com a oportunidade de fazer diferente, porque perdemos um estilo de vida, mas não a vida, e com ela ainda mantemos a esperança de dias melhores, com o Sol ainda mais brilhante, com as quedas d’água ainda mais volumosas e com as pessoas ainda mais unidas. Porque as pontes podem até ter fechado, porém a união fronteiriça ainda permanece – e que sorte a nossa viver aqui, sabendo que – mesmo que agora tudo pareça sem sentido – logo, logo a fronteira mais movimentada do país estará novamente a todo vapor, provando mais uma vez que vivemos no paraíso.
Dois meses já se passaram, e continuamos vivos. Em breve tudo ficará bem outra vez, e enquanto não fica, com ou 100fronteiras, estamos aqui diariamente trazendo o melhor do jornalismo local para você, porque nos preocupamos com seu bem-estar e torcemos muito para que isso acabe logo.
