A gente liga a televisão, abre o Facebook ou um site de notícias, e ela está lá. A “realidade ruim” que estamos vivendo nos últimos meses tomou conta do nosso dia a dia e se tornou o centro das nossas conversas, pensamentos e ações. De repente ficou insustentável aguentar. Dá vontade de colocar o mundo no mudo e silenciar os pensamentos. Parece que tudo está perdido, sem saída, mesmo que ainda tenhamos saúde, nossa família, nossos empregos. Mesmo que tenhamos o que comer e onde dormir, parece que nossa vida perdeu completamente o sentido.

Nunca estivemos prontos para este momento, e se fosse daqui a dois anos também não estaríamos, porque ninguém vive esperando o pior, ou se o faz certamente não vive. Mas a “realidade ruim” chegou avassaladora e levou embora muita coisa. Ver as fronteiras fechadas, os pontos turísticos vazios, as empresas fechando as portas é triste e preocupante. É como se estivéssemos em um barquinho de papel mar adentro, a tempestade chegasse de forma violenta e, num piscar de olhos, o barco virasse sem sabermos nadar.

Essa sensação tomou conta de mim algumas vezes e me fez perder o otimismo que eu tanto achava que tinha. Me fez refletir sobre o que de fato eu perdi e sobre o que ainda me resta. E abrindo a gaveta da cômoda do quarto vi que o otimismo ainda está aqui, assim como a minha saúde, minha família, meu emprego, meu alimento sobre a mesa… Eu encontrei um livro que tanto ensinamento já me trouxe, mas que eu havia deixado esquecido: Quem mexeu no meu queijo?, de Spencer Johnson, que me fez refletir sobre o momento em que estamos vivendo. A nota de abertura escrita por AJ Cronin destaca que:

“A vida não é um corredor reto e tranquilo que nós percorremos livres e sem empecilhos, mas um labirinto de passagens, pelas quais nós devemos procurar nosso caminho, perdidos e confusos, de vez em quando presos em um beco sem saída. Porém, se tivermos fé, uma porta sempre será aberta para nós, não talvez aquela sobre a qual nós mesmos nunca pensamos, mas aquela que definitivamente se revelará boa para nós”.

É difícil não reclamar e murmurar quando você tem um objetivo traçado e de repente tiram isso de você, mas seria ainda mais difícil se nos fosse tirado muito mais do que um objetivo. E esse pequeno e brilhante livro fala sobre isso, sobre lidar com as mudanças que acontecem em nossa vida. Sobre não mudar o fato, mas a interpretação que você tem sobre ele. Porque essa história de que a mudança começa dentro de nós não é fake, é real. E isso ninguém pode tirar de nós, esse otimismo, essa vontade de viver, mesmo quando o barco já virou e a gente não sabe nadar, porque ainda é possível. Enquanto tivermos saúde, tudo será possível. Este é o momento de se reinventar e talvez a nossa única oportunidade na vida de fazer as coisas de forma diferente.

Kristin Wong escreveu um artigo para o The New York Times no qual diz de forma clara por que devemos manter a esperança em dias melhores. “O otimismo é simplesmente ter esperança no futuro, mesmo quando o presente parece totalmente negativo. Cognitivamente, esse é um desafio, pois exige que você reconheça suas emoções positivas e negativas de uma só vez e permita que elas existam simultaneamente. Por mais difícil que seja defender o otimismo durante um período de crise, é aí que ele é o mais útil. (…) O otimismo é dar a si mesmo permissão para ter esperança, mesmo que você se sinta extremamente ansioso, infeliz ou com medo. Não se trata de ignorar seus sentimentos negativos sobre a crise, mas de encontrar uma maneira de impedir que eles o sobrecarreguem.”

Então não é errado sentir-se infeliz e ingrato, mesmo que sua vida ainda esteja melhor que a de milhões de pessoas no mundo que atualmente sofrem a pandemia da forma mais dolorosa possível. Errado é sentir-se assim e não fazer nada para mudar. Eu precisei abrir a gaveta e ler um velho e bom livro para mudar essa sensação que carregava dentro de mim. E você? O que pode fazer para mudar isso?

O T I M I S M O – E S P E R A N Ç A – F É

Não importa como você chame, a resposta sempre será a mesma, e ela partirá de dentro de você. E para finalizar esta breve reflexão compartilho um trecho de outro grande e sábio livro, Propósito: a coragem de ser quem somos, de Sri Prem Baba, que diz:

“Assim é a vida. O momento mais escuro da noite é aquele que antecede a chegada da luz. O momento mais frio da noite é aquele que antecede a chegada do Sol. É assim que funciona neste plano. Mas tudo isso é uma conspiração amorosa do universo para fortalecer a sua confiança e a sua vontade”.