Ao comprar uma roupa nova, raramente se pensa no processo que ocorreu até ela chegar na prateleira da loja, porém agora mais do que nunca se deve levar em consideração o que a grande produção dessas peças de roupa podem fazer com o meio ambiente. E é por isso que o conceito da moda sustentável surgiu. 

A moda sustentável se preocupa com o impacto ambiental e social de cada processo de desenvolvimento das roupas, seja na hora de produzir os tecidos, quem faz a costura e também na utilização da água. Ela apareceu com a necessidade de repensar e reconstruir os hábitos da nossa sociedade, que faz muito o uso do fast fashion. O modelo de moda rápida acontece desde a década de 1990, com novas roupas chegando toda semana nos cabides das lojas e consequentemente com o preço baixo e também muitas roupas sendo descartadas.

Isso se deve pelo fato de que a produção de roupas nunca esteve mais rápida do que hoje, com a mão de obra sendo barata, sendo que o salário de um trabalhador da indústria têxtil de um país de terceiro mundo – que é onde acontecem mais as produções – é de dois a três dólares por dia. E também pela automação, que faz o trabalho de uma pessoa de forma bem mais veloz. Esses dois fatores podem acabar causando um prejuízo enorme, não para o bolso do consumidor, mas sim para o meio ambiente.

O que podemos fazer?

Tudo isso pode parecer desesperador, mas não se preocupe pois ainda é possível contornar a situação para o meio ambiente quando se trata de moda, e ainda por cima usando roupas lindas! Uma ótima alternativa é comprar localmente de brechós.

Desde pequena, a dona do brechó Catnip, Thandara Luana Santos, de 24 anos e estudante de engenharia de energia, sempre esteve rodeada de roupas na casa de sua avó. Como sua avó tinha muitas peças lindas de roupas, sempre tentava a convencer de vender para uma renda extra, porém o apego era grande, então o máximo que conseguia era algumas roupas para si mesma.

O fascínio por roupas antigas só cresceu mais ainda depois que um brechó abriu perto de sua casa, com peças selecionadas a dedo, o que foi um encanto para Thandara, já que antes brechó era sinônimo de roupa velha e suja, “roupa de morto”. 

Algumas das peças sendo vendidas no Catnip Brechó

Em 2018, a futura engenheira descobriu os perfis de brechós no instagram e decidiu tentar, então abrindo o Catnip Brechó! O lugar recebeu o nome em homenagem ao seu amor por gatinhos; a tradução de catnip é erva de gato, que deixa os felinos super felizes, e é exatamente esse sentimento que a dona quer que seus clientes tenham quando recebem um pacote com roupas do seu brechó.

No início o maior desafio foi a questão financeira e dar preços nas peças. “No começo eu vendia tudo muito barato e achava que estava tendo lucro quando na verdade algumas peças tinham tantos gastos por trás que eu acabava saindo no prejuízo”, diz Thandara. 

Na pandemia

Com a pandemia, a estudante se viu com mais tempo livre pela pausa da faculdade e decidiu investir todo seu tempo e dinheiro para a prosperidade e avanço de seu brechó, tendo ótimos resultados. O atendimento acontece totalmente online, e está disponível para tudo que o cliente precisar, como mais fotos, vídeos e medidas.

“O consumo em brechós tem tantas vantagens em todas as áreas que acho um absurdo que 100% da população ainda não seja ‘brechozeira'”, brinca Thandara com a questão social e econômica da moda sustentável. Comprando em brechós da sua cidade, você ajuda o microempreendedor e a economia local progredir, além disso o garimpo – que é a busca por peças de roupas – acontece em pequenos comércios, bazares com fundo revertido para causas sociais e instituições beneficentes.

Ambientalmente falando, a indústria têxtil também é considerada uma das mais poluentes do mundo, gastando muitos recursos naturais de forma inconsequente, como a água, e também o descarte de roupas causa uma longa decomposição, piorando mais ainda a questão. Uma curiosidade assustadora é que, para fazer uma única calça jeans, são utilizados mais de 5 mil litros de água. “Quando resgatamos uma peça de roupa que seria descartada no ambiente e deixamos de comprar uma nova e alimentar o fast fashion, a natureza agradece em dobro”, finaliza a dona do brechó.