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Fotos: divulgação

Para quem mora em Foz do Iguaçu a realidade é diferente da que os turistas estão familiarizados. A beleza das Cataratas não esconde o lixo e a sujeira acumulados nas ruas e avenidas da cidade. À primeira vista pode até ser difícil notar, porém é só chover para que o que era invisível torne-se visível e precário. O exemplo mais recente disso ocorreu na segunda-feira, 19 de março, quando, devido a uma chuva torrencial, diversos pontos da cidade ficaram alagados, gerando transtorno e prejuízos. E é quando a inundação chega que as pessoas se perguntam: de quem é a culpa por isso tudo?

Situação do lixo em Foz do Iguaçu

O primeiro pensamento é colocar a culpa no poder público. A insuficiente infraestrutura da cidade, a falta de canalização, a sujeira… Mas e a população? O que ela está fazendo para evitar isso?

De acordo com o arquiteto e urbanista Alexandre Balthazar, que também é um cidadão ativo na sociedade, esse problema se estende por muitos anos e gestões e é resultado de vários fatores. “Primeiramente, há galerias de águas pluviais (manilhas) subdimensionadas, ou seja, não dão conta de escoar toda a água de uma enxurrada, tratando-se de um problema de dimensionamento.  O excesso de impermeabilização do solo (asfalto, calçadas e pisos de concreto) contribui para aumentar o problema, pois a água, ao invés de infiltrar no solo, corre para as galerias, que acabam transbordando”, explica.

Há também problemas nos rios urbanos que possuem pontes e/ou gargalos que entopem. Isso ocorre devido ao lixo jogado nesses locais pela população. “Próximo ao supermercado Muffato do Rio Boicy é um caso clássico. Há um pilar no vão central da ponte e um cano de esgoto da Sanepar funcionando como uma grelha para segurar o lixo jogado pela população. Já encontramos um sofá naquele ponto bloqueando a passagem da água”, denuncia.

O gerente da Sanepar em Foz do Iguaçu, Nilton Perez, afirma que as pontes existentes no rio foram edificadas onde as partes de concreto têm uma divisão central que favorece a retenção de árvores e demais objetos jogados.

“A Sanepar possui pontos de monitoramento onde temos rede de esgoto e realiza, em conjunto com a prefeitura, ações de limpeza e desobstrução destas pontes, especialmente em dias de chuva. Quanto a nossa tubulação instalada às margens do Rio Boicy, é importante esclarecer que, devido à ocupação imobiliária às margens do Rio Boicy, a instalação da tubulação em alguns locais foi feita dentro do canal do rio a fim de atender todas as ligações, dando condições de a população realizar a interligação de sua residência ao sistema, mesmo estando próximas ao rio. Esta tubulação é fundamental para o transporte do esgoto coletado da região do Portal da Foz até o final da Rua Marechal Floriano, na região central da cidade, onde se encontra uma das cinco estações de tratamento de esgoto”, esclarece.

A Sanepar é responsável pela rede de água e esgoto, desde a sua implantação, operação e manutenção, compreendendo as fases de captação, tratamento e distribuição de água e a de coleta, remoção, tratamento e disposição final do esgoto doméstico. Já as redes de escoamento das águas pluviais (chuva) são de responsabilidade da prefeitura.

De acordo com o diretor do Departamento de Serviços e Manutenções, Luiz Cezar Furlan, a limpeza dos bueiros e bocas de lobo é feita diariamente conforme as demandas identificadas e solicitadas no Departamento de Serviços e Manutenções. “Quanto à colocação de tampas, o município está fazendo um novo tipo de contrato para a manutenção e colocação de tampas e reformas de caixas e galerias”, explica.

Entretanto não é apenas um problema de infraestrutura, e sim também de falta de educação ambiental e consciência ecológica. De acordo com a advogada e idealizadora da Campanha Foz Limpa, Foz Linda, Adriana Lacerda Rocha, “de um lado, faltam ações preventivas e permanentes da prefeitura; e, de outro, a falta de educação da população é gritante. A manutenção de cidades limpas é feita com a atuação conjunta do poder público e da sociedade (população, empresas, sociedades civis, escolas etc.)”, diz.

Com isso, ela desenvolveu a campanha que visa a conscientizar a população e o poder público a fazer cada um a sua parte e manter a cidade limpa, descartando corretamente o lixo e fiscalizando, de forma a evitar a proliferação da sujeira. “Além de tentar conscientizar através de anúncios, cartazes, entrevistas e divulgação nas redes sociais, a campanha pretende ir às escolas para conscientizar as crianças sobre a importância da higiene e limpeza”, destaca Adriana.

Como solucionar esses problemas?

Após a inundação ocorrida no dia 19 de março, um alerta foi ativado para que tanto a população quanto o poder público trabalhem em conjunto para resolver esses problemas.

“É evidente que é um mau planejamento, ou mesmo um planejamento adequado que não foi executado pelas gestões municipais ao longo dos anos. Uma visão mais do que necessária para os dias atuais é prever no planejamento que as alterações climáticas estão provocando fenômenos meteorológicos severos; as chuvas torrenciais, que ocorriam raramente, estão tornando-se corriqueiras. Esta realidade climática vai testar, cada vez mais, o quanto estamos preparados para o que vem por aí.” – Alexandre Balthazar

“Os órgãos públicos, além das ações já mencionadas, podem multar quem jogar lixo na rua ou o proprietário que tenha sua propriedade suja. Infelizmente, muitas vezes, o processo educativo/reeducativo só acontece quando o indivíduo tem uma sanção financeira. Se não houver essas atitudes educativas, reeducativas (preventivas) e permanentes, a sujeira voltará e os problemas permanecerão. Pior que isso, aumentarão: alagamentos, desabamentos de casas e terrenos, doenças, dentre outros.” – Adriana Rocha

“A Sanepar vem desenvolvendo ações voltadas à melhoria das redes coletoras, identificação e substituição de eventuais pontos críticos, apoio a projetos voltados às condições do Rio Boicy, como a expedição do Rio Boicy, além de análise de novas alternativas técnicas para evitar eventuais interferências da rede no curso do rio em momentos de chuvas intensas. São ações a médio e longo prazo envolvendo todos os agentes, como a Sanepar, sociedade, prefeitura e demais organismos para que a cidade não mais sofra com isso.” – Nilton Perez

“A Secretaria de Planejamento vem estudando os locais para possíveis intervenções para evitar alagamentos. Exemplo disso é a obra iniciada no dia 26 de março no Jardim São Luís.” – Luiz Cezar Furlan

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