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Em entrevista realizada ontem (27), por videoconferência com os jornalistas Annie Grellmann, Denys Grellmann e Patrícia Buche, o general comenta as principais ações da sua gestão voltadas ao desenvolvimento tecnológico e inteligência artificial

Com um extenso currículo voltado ao serviço militar, o general Eduardo Castanheira Garrido Alves, nascido no Rio de Janeiro, ingressou no Exército em 1975 pela Escola Preparatória de Cadetes, em Campinas, São Paulo. Depois se formou bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, em 1981, e escolheu a área do serviço de intendência, mais voltada para a logística. Também fez outros cursos, entre eles educação física, escola de altos estudos, e se dedicou ao setor de orçamento, tornando-se um especialista em orçamento público e do Exército, no qual atuou por 20 anos em Brasília.

“Nos últimos três anos comecei a atuar no sistema de proteção social dos militares das Forças Armadas, um programa focado em adequar a nossa carreira, e passei a trabalhar diretamente com o general Silva e Luna no Ministério da Defesa, onde ele era o secretário-geral do ministério e depois se tornou ministro. Eu continuei a ser assessor direto dele, e trabalhamos juntos num projeto de lei de reestruturação da carreira militar das Forças Armadas. Depois ele assumiu o comando da Itaipu e me convidou, na metade de 2019, para assumir a direção do Parque Tecnológico Itaipu.”.

eduardo garrido

Ele também conta que a primeira vez que esteve em Foz foi em 2017, como turista, e passou quatro dias fazendo o circuito tradicional que inclui visita às Cataratas e à Itaipu. “Quando cheguei aqui, logo de cara vi que Foz é uma cidade bem interessante, que tem uma boa rede de hotéis e restaurantes, e como turista isso me agradou muito, além de ter uma população muito hospitaleira, sempre disposta a ajudar; pessoas muito envolvidas com turismo, sempre prestando informação, o que facilita muito esse ambiente agradável que a cidade proporciona. Quis o destino que dois anos depois eu viesse para cá para trabalhar.”

No entanto, Garrido não tinha nenhum conhecimento sobre o PTI e quando veio a assumir o Parque Tecnológico, após concluir sua carreira militar e sua missão com as Forças Armadas, de entregar o trabalho de estruturação da carreira, aprovado pelo Congresso Nacional, chegou preparado para enfrentar grandes desafios. “Desde que me formei carrego comigo a seguinte frase: ‘Recursos sempre tem, basta saber pensar, planejar e pedir’. Então isso norteou minha vida toda. Dinheiro tem em algum lugar, a gente tem é que ver onde está o recurso, como o recurso se encaixa naquilo que temos para fazer, analisando todas as oportunidades. Tem sido um grande desafio, principalmente na busca pela sustentabilidade. Além disso, precisamos rever todo o planejamento estratégico, porque durante muito tempo o PTI foi uma espécie de laboratório de Itaipu, vivendo só pra Itaipu, mas não pode ser assim, tem muita coisa que pode ser feita e que vão se tornar receita e fazer com que a nossa dependência com a mantenedora diminua consideravelmente”, destaca o general.

Além disso, o general Garrido lembrou que Itaipu passará por um processo de atualização tecnológica, um projeto que pode levar até dez anos para ser concluído e no qual o PTI pode auxiliar muito à medida que empresas que venham a ser vencedoras da licitação venham a ser instaladas dentro do parque e os conhecimentos adquiridos venham a gerar novas tecnologias e inovações.

PTI Parque Tecnológico de Itaipu vista aérea
Foto: Kiko Sierich

O potencial tecnológico de Foz

A pandemia mudou parte do planejamento estratégico que o PTI vinha realizando desde que o general Garrido assumiu. Mas ele ressalta que isso fez com que surgissem novas oportunidades, porque foram obrigados a pensar fora da caixinha, buscar uma alternativa. Essa alternativa está justamente em focar na transformação do Parque Tecnológico em um grande sistema de inovação, atraindo empresas âncoras, gerando o empreendedorismo e uma aproximação com as universidades no viés de pesquisa e desenvolvimento. “Enquanto o turismo é uma incógnita devido à pandemia, o plano B é tornar Foz do Iguaçu também uma cidade com polos tecnológicos.”

Para isso, está em andamento um Edital de Apoio à Inserção de Novos Produtos no Mercado do Programa de Inovação Corporativa com Foco no Desenvolvimento de Novas Empresas. Esse edital foi prorrogado, justamente para dar mais tempo para que as empresas ligadas ao setor do turismo possam apresentar suas demandas, assim tornando-se uma oportunidade de dinamizar a economia da região. “O PTI tem quatro grandes áreas temáticas, que são o agronegócio, energias, segurança das barragens, turismo e cidades inteligentes. Nosso objetivo é atrair muito mais empresas [atualmente o PTI conta com 16 startups]. Na área de cidades inteligentes, a Vila A, parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão do Ministério da Economia, e a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, está sendo nosso projeto-piloto, porque queremos tirar o projeto de dentro de um ambiente controlado e levar para o ambiente urbano para ver qual será o reflexo disso e onde poderíamos atuar na questão de novas tecnologias. E então veio a proposta de fazermos essa experimentação na Vila A, e com isso desejamos, por meio de editais, atrair empresas para mostrarem suas tecnologias. Isso porque esse laboratório vivo de cidades inteligentes, só no ano passado, foi visitado por mais de cem prefeituras, ou seja, é uma área de grande interesse da região e do País.”

O general Garrido frisa com isso que o desejo é que o projeto de cidade inteligente da Vila A se torne uma referência na qual, por meio de uma validação feita pelo PTI e ABDI, as empresas queiram participar e instalar suas tecnologias. “Foz tem potencial tecnológico, mas esse é um processo que temos que começar gradativamente. Precisamos mobilizar nossos jovens universitários para que coloquem as ideias no papel e participem das iniciativas. O agronegócio não é muito forte em Foz, mas em toda a região é, então por  que não temos aqui um laboratório de inteligência artificial, um núcleo pensante em termos de tecnologia? É nisso que temos que trabalhar, porque vai acabar atraindo muita gente para a nossa região e com isso gradativamente vai mudando o perfil da nossa economia. É óbvio que a força do turismo é inegável e vai continuar, mas, com a segunda ponte, perimetral leste e porto seco, isso tudo vai fortalecer outro potencial na cidade que é a área da logística.”

Sem contar que recentemente a Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu e mais seis parceiros, sob coordenação do CODEFOZ, lançaram o Acelera Foz, um programa que pretende colocar a cidade de Foz do Iguaçu em outro patamar econômico com inovação tecnológica, retomada do turismo e obras estruturantes.

Um PTI para chamar de seu

O olhar visionário do general é focado em fazer do Parque Tecnológico Itaipu algo que esteja integrado à cidade de Foz. “A nossa intenção dentro do planejamento estratégico é buscar a sustentabilidade. Esse é um processo lento que gradualmente vamos conseguir. Mas o grande legado que eu gostaria de deixar é que nós tivéssemos um PTI mais voltado para a cidade. Tínhamos um PTI muito voltado para dentro, para atender Itaipu, e eu acredito que temos aqui um centro de excelência. Diversas personalidades quando chegam aqui ficam maravilhadas ao ver o que nós temos. Um representante do ramo automobilístico disse que só tinha visto isso no Vale do Silício, então não podemos deixar guardado para a gente, temos que buscar parcerias, e com a dedicação de todos os nossos colaboradores é o que estamos fazendo.”

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