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No dia 27 de setembro, o leitor Antonio Carlos Santos entrou em contato com a redação, por meio da rede social Facebook, pedindo um exemplar da edição 140 da 100 Fronteiras que tinha uma reportagem sobre o Caminho Peabiru – ele mantém um museu na sua casa, em Botucatu, São Paulo, onde coleciona matérias sobre o assunto.
Logo após, mandou algumas fotos antigas de Foz e disse que, na década de 70, fez o caminho, junto com amigos de Botucatu, até a Tríplice Fronteira a pé e de carona. Contou que o filho, professor na Universidade de Santa Helena (PR), viria trazer as fotos. Em novembro, Leonardo Santos esteve aqui na sede da revista com as fotos e, para nossa surpresa, uma carta da aventura – escrita com máquina de escrever e que completa 45 anos em janeiro, assinada pelo pai. Confira essa história:
Mílton e Valdemar com fusca da viagem até Assunção.
45 anos de uma grande aventura
“O sonho de muitos jovens de espírito aventureiro no início da década de 70 era pegar sua mochila e partir sem destino, como no filme de Peter Fonda lançado em 1969, no qual dois amigos motoqueiros viajam pelo Sul dos Estados Unidos. Inspirados neles, eu e o amigo Milton Tieghi partimos, não de moto, mas sim a pé e de carona. Sem dinheiro para uma viagem sem destino.
Era janeiro de 1973. Fomos para a estrada com o polegar levantado e assim chegamos à cidade paraguaia de Puerto Presidente Stroessner – hoje Ciudad del Este. Época de regime militar, dois jovens querendo sair do país, sem um objetivo.
Ponte da Amizade em 1973.
Lembro que ficamos um dia parados na fiscalização alfandegária paraguaia esperando autorização para entrar no Paraguai. O comissário nos perguntava qual a nossa procedência. Respondíamos Botucatu. Ele não entendia o nome da cidade e achava que estávamos zombando dele. Tivemos de mudar a procedência para São Paulo, assim, no fim do dia, veio a autorização para entrarmos no Paraguai.
Hotel das Cataratas em 1973.
Da nossa saída até chegar a essa cidade paraguaia foram muitos dias, e resolvemos fazer viagem de volta. Na primeira noite do nosso retorno, dormimos no banco da rodoviária de Foz e durante a madrugada fomos acordados pela fiscalização da Polícia Federal, que fez revista nas mochilas.”
Cataratas do Iguaçu em 1973.
(Relato da nossa primeira grande aventura: Antonio Carlos Santos, Milton Tieghi e Valdemar de Morais).