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Para onde vai o “lixo” produzido na sua casa depois da coleta? O que acontece com as toneladas diárias de rejeito geradas na cidade? Essas questões que já devem ter passado pela sua mente em algum momento, e hoje nós vamos respondê-las, mostrando a importância do aterro sanitário de Foz do Iguaçu para os moradores.
Primeiro de tudo, o que classifica um aterro sanitário? Muitas vezes confundido por lixão e aterro controlado, o aterro sanitário tem como objetivo manter a saúde da cidade, coletando e dispondo da forma correta os resíduos e rejeitos das casas, estabelecimentos, instituições e outros, sempre colocando o meio ambiente e a saúde como prioridades.
O lixão, como podemos ver em alguns terrenos vazios de Foz do Iguaçu, não tem nenhum planejamento e o acesso é para qualquer um, causando inúmeras consequências tanto para o solo e ar do local quanto para os moradores da região.
Já o aterro controlado é visto como uma solução intermediária entre o lixão e o aterro sanitário, onde os resíduos são cobertos por uma camada de terra, mas não existe tratamento nenhum por trás da engenharia.
Aterro sanitário de Foz
Na década de 90, houve o encerramento das atividades do lixão de Arroio Dourado, então surgiu a necessidade de outro local para o despejo de resíduos e rejeitos. Foi escolhido, sem muitos critérios, a área que hoje é o aterro sanitário de Foz do Iguaçu, na região norte da cidade.
Inicialmente, a área evoluiu de lixão para aterro controlado, e apenas em 2001, vendo a necessidade de se adequar para um cidade turística, o aterro sanitário surgiu realmente. Foi feita uma parceria com o Governo do Paraná para o financiamento, com todos os licenciamentos do antigo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), hoje o Instituto Água e Terra (IAT).
Com o crescimento da cidade, o local precisou se expandir um pouco mais. Hoje, segundo o chefe da divisão do aterro sanitário de Foz do Iguaçu, Eduardo Roberto Duarte, o espaço recebe cerca 320 toneladas diariamente de resíduos e rejeitos produzidos por toda a cidade. Isso é muita coisa por dia!
O lixo do dia anterior à visita, são cerca 320 toneladas por dia. Foto: Thaynara Pagno/100fronteiras
“É um número que dá pra reduzir!” comenta Eduardo. “Do jeito que você colocou para a coleta, é como nós recebemos os resíduos e rejeitos, então a questão da reciclagem é muito importante, e deve começar no momento em que você está gerando”.
Por isso, é importante a conscientização da população sobre seu próprio lixo. O aterro sanitário de Foz do Iguaçu trabalha, em conjunto com o governo do município, em programas de conscientização, em educação ambiental nas salas de aulas, bem cedo, além de existir a coleta seletiva nos bairros da cidade.
Dentro desse espaço, é necessário uma cortina verde, uma espécie de muro de árvores para controle de odores, a pesagem, o posto de lavagem, abastecimento, controle de poluição de ar, solo e água e, principalmente, uma boa administração para tudo funcionar como o esperado.
Na visita da 100fronteiras ao aterro sanitário de Foz, não esperávamos ser tudo bem controlado em cada etapa, e acima de tudo esperávamos pelo cheiro. Porém, para nossa surpresa, não sentimos nada! E isso se deve exatamente por todo esse tratamento e gestão relatado por Eduardo.
Saúde pública e aterro sanitário
Um grande problema que pode acarretar com a má administração de um aterro sanitário é a questão das doenças. Em conversa, Eduardo Duarte comenta que, por exemplo, os pássaros, lindos lá no céu, são uma grande adversidade para o aterro.
“O pássaro vai tocar no resíduo e vai sair por aí, transportando alguma possível doença para animais do nosso dia a dia e até mesmo humanos”, diz. Por isso, ter um lixão na cidade é uma questão desumana até, segundo ainda o chefe da divisão, por causa dos vetores de doenças que podem acabar totalmente com a saúde pública de uma cidade.
A importância de um aterro sanitário para uma cidade é simples; é um dos pilares do saneamento básico e, consequentemente, da saúde pública. Cuidando da gestão de resíduos, ligado diretamente à saúde de moradores, turistas e animais da cidade.
Aterro sanitário de Foz. Foto: Thaynara Pagno/100fronteiras
Outra realidade é que, quando usamos algum medicamento ou algo para conter algum tipo de doença que esteja passando no momento, acabamos colocando no “lixo” comum da casa. Esse rejeito vai para o aterro sanitário, ou para um lixão se descartado de forma incorreta, e pode acarretar inúmeras doenças que poderiam ser muito bem evitadas.
Sem o tratamento que acontece dentro de um aterro sanitário, pode ocorrer a contaminação do solo, do ar e das pessoas. “Imagine se esse material fica do lado da sua casa, em um lixão? É dengue, chorume, barata, rato, etc.”, comenta o chefe da divisão.
O tratamento no aterro sanitário de Foz
Quando os resíduos e rejeitos chegam no aterro, eles são colocados em uma grande área externa e compactados por máquinas. Então, são colocadas lonas para cobrir o rejeito para que ele não fique exposto, depois de um tempo, a grama começa a nascer e esse processo se repete, sempre ganhando espaço.
Tratamento dos resíduos no aterro sanitário. Foto: Thaynara Pagno/100fronteiras
Na decomposição desses resíduos, aparece também o chorume, famoso por seu aspecto e cheiro (que também verificamos não sentimos nada de cheiro forte). Esse líquido do resíduo é extremamente poluente, por isso um tratamento diferenciado é necessário, e isso também acontece lá.
A área de armazenamento do chorume. Foto: Thaynara Pagno/100fronteiras
O chorume é passado por canos subterrâneos até três áreas de “piscina”, por assim dizer, e lá ele é armazenado. Depois disso, ele passa para a estação de tratamento, onde a mágica acontece. Então, em seguida ao tratamento, o chorume já fica bem parecido com água, e até mesmo pode ser tomada caso esteja 100% tratado! Essa nova “água” então volta para o município e pode ser muito bem usada.
A máquina por trás do tratamento do chorume. Foto: Thaynara Pagno/100fronteiras
O tratamento do ar também acontece. Como existem muitos resíduos, é normal que o gás metano apareça no meio, porém ele é extremamente nocivo ao ar, por ser um gás que amplifica o efeito estufa. Com isso, no aterro sanitário, esse gás metano é captado por pequenos flares, que queimam o gás metano e esse é transformado em gás carbônico, menos poluente para a atmosfera.
Porém ele também pode causar mau cheiro e explosões, mas, segundo ainda Eduardo Duarte, nunca houve um acidente no aterro sanitário de Foz do Iguaçu quanto a isso.
O aterro sanitário de Foz do Iguaçu não para pois o rejeito da cidade inteira não para de crescer a cada dia. É muito resíduo diariamente, cerca de 320 toneladas como falamos, e esse número pode diminuir sim com um pouco mais de cuidado e conscientização, logo em casa, enquanto você abre aquela nova embalagem.
Algo notado pela equipe de funcionários do lugar, é que, em feriados onde reuniões familiares acontecem, tipo Natal ou Páscoa, a quantidade de rejeito aumenta. Com esse fato, acontece também o aumento do trabalho, pois não tem como simplesmente deixar um dia sem nenhum tipo de tratamento, senão vira uma montanha incontrolável de resíduos.
Na pandemia, isso não mudou. No começo, Eduardo fala que houve sim um pouco mais de zelo pelo rejeito produzido nas casas porém que logo voltou ao normal, e até cresceu um pouco mais essa quantidade por conta, provável e principalmente, de embalagens de delivery.
Muitoo esclarecedor!!