O 100fronteiras.com é um portal dedicado ao jornalismo local na Tríplice Fronteira. Com mais de 18 anos de experiência, promovemos conexão e informação relevante para a comunidade das regiões do Argentina, Brasil e Paraguai.
Barco de Donato Colombelli. (Fotos: Domínio Público)
Quando Foz do Iguaçu ainda era uma vila, durante a fase inicial da Colônia Militar, Puerto Iguazú já desfrutava de certo desenvolvimento. Naquela época a cidade tinha um comércio a pujante e a economia mais forte da Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai. Dessa forma, quem vivia em Foz do Iguaçu e Hernandárias no Paraguai frequentemente ia até o país vizinho fazer compras.
Lanchas no Porto Meira
E por que comprar em outro país? Naquela época o núcleo de civilização mais próximo de Foz era Guarapuava, no entanto o trajeto até lá era complicado e longo, sendo feito por uma pequena trilha. Nesse caso, Puerto Iguazú acabava sendo a cidade mais próxima e os iguaçuenses usufruíam para comprar suprimentos alimentares que vinha de barco da região da grande Buenos Aires.
E como ainda não havia uma ponte entre os dois países, essa passagem era feita por meio de uma estrutura fluvial sobre o rio Iguaçu.
Na verdade, o objetivo dessa estrutura era para alavancar a principal atividade econômica da época: a extração da erva-mate e madeira. Os argentinos possuíam uma robusta infraestrutura fluvial para enviar esse produto à Europa, composta por três empresas argentinas e paraguaias. A Compañia Mercantil y de Transporte Domingos Barthe, com os vapores Tembey e Bell, que partiam nos dias 10, 20 e 30 de cada mês; Nuñez Gibaja Martinez y Co., proprietária dos vapores Salto e España, que partiam dias 4, 14 e 24 de cada mês e Juan B. Molla, dona do vapor Iberá, que saía nos dias 8, 18 e 28.
A travessia entre os países era pelo rio.
Esses vapores faziam paradas em Foz do Iguaçu e Porto Aguirre, às margens argentinas. A partir dali, enfrentavam as correntezas do rio Paraná até chegarem a Porto Mendes, no lado brasileiro. Navegando pela bacia do Prata, estabeleciam conexões com locais como Posadas, Corrientes, Buenos Aires, Montevideo e Paso de Los Libres, que faz fronteira com o Rio Grande do Sul, representando o meio mais prático de conexão com os principais centros urbanos do Brasil.
Anos mais tarde, na década de 1930, à medida que o governo de Getúlio Vargas empreendia a nacionalização da região, as empresas argentinas foram gradativamente desativadas. Com a pavimentação da BR 277 no final da década de 1960 e a construção da Ponte Tancredo Neves em 1982, as travessias feitas de barco tornaram-se cada vez mais raras.